terça-feira, 28 de julho de 2009

Capítulo XV - Halloween

31 de outubro, a data mais interessante do ano. Sempre aconteciam coisas estranhas nesse dia em Sleepy Hill.
Elisha estava na frente do computador pra variar, não gostava de sair de casa nem no Halloween, mas ficava a olhar as crianças correndo nas ruas com suas fantasias. Algo que ela mesma nunca tinha feito desde que perdeu a mãe. Ficava ali de pijama, com um pirulito de morango em formato de abobora na boca e sua gata no colo.
Morrigan tinha sumido desde a visita de Vic e voltara recentemente, ela nem tinha notado, era uma gata sem graça como Irene dizia. Não dava pra notar quando ela estava em casa ou não. Só quando ela vinha pular no colo da dona pedindo alguma atenção, como fez agora.
A morena sabia que Vic desconfiava que Elisha andara pensando que ela era a culpada pela morte de Yuna e tinha voltado a trata-la com mais normalidade, nesses últimos meses Jin tinha se tornado algo próximo a um amigo pra ela, sempre estava por perto prestando atenção no que ela fazia ou em quem se aproximava dela, no fim do mês ele tinha ido viajar, faziam dias que não se viam. E sua nova vizinha, a professora Emily Locke, adorava importuná-la em casa de vez em quando, era bem insistente e até legal, mas Elisha não conseguia gostar de uma professora. A campainha tocou.

-Pensando no diabo... – Murmurou pro gato, indo atender.

Acertou de novo, era Emily, tinha acabado de sair do banho. Dava pra se notar pelo cabelo molhado solto e pela camiseta branca combinada com jeans, não eram roupas que ela usava em serviço. Elisha não a convidou pra entrar, não gostava quando o pai dava em cima dela, por sorte Emily não era uma mulher fácil. Parecia gostar do homem tipo herói, menos exibido do que Taichi era, e seu pai não tinha nada disso. Ela parecia acreditar que um dia um príncipe encantado viria buscá-la e lamber suas feridas, Elisha imaginava o motivo. Emily procurava alguma coisa pela cidade, ela tinha percebido, se um homem a ajudasse a achar tal coisa a garota imaginava que eles se casariam e viveriam felizes pra sempre. Um final perfeitinho demais pra uma mulher perfeitinha demais. Era até estranho alguém tão bonita e bem sucedida como a professora estar solteira, seria ela do tipo “pistoleira” também? Não...
As duas ficaram na porta de entrada, já era costume Emily vê-la de pijamas e fazer piadas horríveis e bregas sobre isso, desagradável, mas fazer o que...

-Você parece animada hoje, gosta dessas datas sombrias né? – A professora puxou assunto.

-Um pouco. – Mas Elisha não queria conversar.

-Bem, vou direto ao ponto. – Emily percebeu isso e se adiantou – Estaria interessada em um emprego temporário?

Elisha estava mesmo precisando de dinheiro extra, não pensou direito, só trocou de roupas (sua camisa preta com jeans e tênis rotineira). As duas seguiram caminho então e Emily começou a dar detalhes:

-Um conhecido meu é dono de um restaurante popular na cidade e está precisando de garçonetes extras hoje, acho que você só vai precisar ficar no caixa.

-Sem competição pela vaga?

-Antes de ele colocar anúncios eu dei seu nome.

-E se eu não aceitasse?

-Eu sei que você não recusaria. – Emily sorriu, parecia sorte demais. A simpatia da morena por ela cresceu bastante depois dessa – Três colegas seus vão trabalhar lá também, arrisca um chute?

-Erin Nayami? – Foi o primeiro nome em que pensou.

-Erin? Quem é essa?

-Pensei que você lembrasse dos nomes e todos na sala. É a menina de cabelo bem claro que senta do meu lado, que parece um robô...

-Elisha... –
Emily colocou o dedo na boca, pensativa – Ninguém senta do seu lado.

-Tá zoando comigo né? – Só podia. Erin sentava do lado dela por anos.

-É serio. – mas Emily estava com uma cara estranha, não era brincadeira – Era pra ser o aluno nº 08, mas não tem ninguém com esse numero na sua sala. É como se o numero fosse reservado a anos. – Elisha não podia crer naquilo – Mas ninguém nunca veio preencher essa vaga. O nº 08 não existe, Elisha.

Ela estava até um pouco pasma, boquiaberta. Aquela menina a ouvia, falava com ela e até lhe oferecia um sanduíche por dia... Porem ela nunca aceitou.
Mas agora que Emily tinha dito Elisha nunca ouvira alguém conversar com Erin alem de si mesma, ninguém nunca tocara nela e nem os professores chamavam seu nome quando faziam a chamada. A própria Erin só falava com ela, Elisha só sabia seu nome porque ela mesma tinha se apresentado. Só ela notava a presença de Erin na sala. Não se lembrava desde quando a garota estava lá também... Seria outro fantasma mesmo?
Victoria também a viu na floresta e como ela era real na floresta... Lembrou-se de quando a viu tomar banho no lago, a água ondulava e molhava seu corpo, aquele vestido branco que lembrava Yuna, desde quando fantasmas tinham corpo físico? Sim, ela se lembrou, Erin tinha entrado no colégio junto com Kasuya Ishida. Sempre chegava e ia embora com ele. O que significava aquilo afinal?
Era Halloween, Irene estava rindo, Elisha deixou pra pensar nisso depois.

Chegaram lá no pôr-do-sol, ela já tinha ouvido falar naquele lugar mas nunca tinha entrado lá antes. Era o bar-restaurante Midnight.
A fachada daquele lugar a noite era bem luminosa e atraente, era freqüentado por membros da classe media alta e alguns da alta sociedade que gostavam do ambiente. Talvez o sucesso do Midnight estivesse em debito com a combinação perfeita entre o clube e Sleepy Hill. Noturno, sombrio e boêmio; era dividido em duas partes: Um restaurante na parte mais interna e um bar na mais externa, como eram menores, Elisha e os colegas iam cuidar da parte do restaurante.
Três deles estavam lá de novo, parecia combinado, Myuki Kasama a nº19, uma loira (tingida) fã de “Maria-chiquinhas”, de olhos azuis e cabelos meio compridos, era a mais energética da sala, não parava um segundo, parecia ser boa gente; Jenny McDonough a nº 11, morena de cabelo no estilo “Cleópatra”, puxa-saco do papai, Elisha não gostava dela por venerar seus parentes e Kyoichi Aoki o nº 16, alto e cabelos curtos claros jogados por cima dos olhos claros também, esse era o único homossexual assumido da sala, Elisha gostava da coragem dele pra se assumir assim num mundinho tão preconceituoso, mas odiava o jeito fofoqueiro que o rapaz tinha, mas era engraçado.
Esse ultimo e Myuki a cumprimentaram quando chegou, Myuki disse que a quarta pessoa do turno se recusou a vir, então Emily indicou Elisha pra substituir e eles toparam. A “quarta” seria Carrie Greenberg, que Elisha adorava comparar à Carrie de Stephen King, de fato elas eram parecidas, porem a morena não gostou da parte da desistência e Kyoichi deixou bem claro o motivo. Era Halloween, e o Midnight era um clube temático, ou seja, fantasias obrigatórias.

-Bem que eu desconfiei que tava muito fácil... – Murmurou Elisha olhando-se no espelho já com sua fantasia.

Ela sabia que os “colegas” iam escolher essa pra ela. Um vestido curto de couro com espartilho e luvas e meias bem longas, típicas de “vampiros” de ficção modernos. Tudo preto.
Emily até maquiou a garota com batons, sombras e etc pretas, nos olhos e um pouco na bochecha; prendeu seu cabelo e a fez colocar presas postiças. A garota se sentiu uma dançarina exótica. E os quatro ficaram rindo dela, assoviando e provocando, falavam que ela estava arrasando e até a professora soltou um “Srta. Sayonomi... Assim eu vou querer ser mordida!”. Mas Elisha só achou engraçado quando chegou a vez dos colegas se fantasiarem. O pagamento era bom pelo menos.
No inicio do expediente Vic ligou, mas Elisha não aceitou tal ligação e mandou uma mensagem dizendo que não podia atender, sem dizer por que, Vic respondeu rápido dizendo que tinha descoberto algo importante sobre o caso de Yuna, Elisha por sua vez desligou o celular, irritada. Sempre era sobre Yuna, isso já tinha enchido. Não sabia se era ciúmes e nem quis saber. Era melhor se concentrar no serviço.

-Ei, você conhece Erin Nayami né? A nº 08. – Perguntou pra Myuki que passava por lá com sua roupa de “diabinha”, queria parar de pensar em Victoria.

-Não tem nº 08 na nossa sala Sayonomi. Nunca teve.

A resposta a fez acreditar que de faro Erin nunca estivera lá, Elisha disfarçou dizendo que era uma garota de outra classe. Aquilo era bizarro demais.
E o movimento começou Jenny não fazia nada, só estava lá porque era filha do chefe e gostava de cosplays com asas de morcego; Kyoichi estava na cozinha vestido de zumbi, estranhamente vinha dar alguma coisa de comer na boca de Elisha de uma em uma hora, a comida era boa e ele gay, então não ligou; Myuki era a que mais estava trabalhando, combinava com a animação dela. Elisha se distraiu um pouco pensando no que Victoria iria lhe dizer, até religou o celular pra checar, mas ouviu Jenny chamar a atenção dela com a voz gaguejando um pouco, já ia desligar o celular quando ouviu aquela voz:

-Ocupada mocinha? Alguém importante no telefone é?

A voz e o riso que a seguiu eram encantadores, mas Elisha só perdeu a fala quando ergueu os olhos e viu aquela mulher que estava na sua frente. Os cabelos negros dela estavam soltos eram bem cuidados e caiam-lhe até metade das costas, com uma franja que lhe cobria até as sobrancelhas e duas mechas se ondulavam na frente de suas orelhas, o resto do cabelo era muito liso. O vestido negro longo era elegante demais pra alguém de classe média, e aquela gargantilha de jóias enfeitada com um pentagrama prateado levaram Elisha a crer que ela seria pagã. A primeira impressão foi que ela fosse uma vocalista de banda gótica de alto porte, mas aqueles olhos verdes... Fizeram-na lembrar imediatamente de Victoria.
Eram ainda mais hipnotizantes que a voz dela. Elisha ficou muda, nem notou a pequena garota que acompanhava a mulher, seria ela quem Luise mencionou?

-Eu fiz reservas, procure pelo nome Anita. – Elisha continuou sem reação, então a mulher sorriu e perguntou – Que foi querida? Viu um fantasma?

-Ou uma bruxa. – Murmurou Irene.

-Uma bruxa? Pode até ser. – O riso dela acompanhou o de Irene, o que deixou Elisha ainda mais estática – Afinal, é Halloween, não?

Essa tal Anita tinha escutado a voz de Irene!? Elisha demorou pra retomar o controle e finalmente procurar o nome, tentando ignorar aquilo.

-Mesa nº07...

-Vamos Sadako. – Anita chamou a menina, que tinha aparentemente 14 anos, de cabelos escorridos e presos no estilo “Pigtails” tingidos de rosa, não falava nada, apenas acenava com a cabeça e seguia a outra. Os olhos cinza combinavam com ela. Era alguém bem incomum, menos na combinação de moleton maior que o torso e shorts – Não pretendo passar a noite toda aqui.

Elisha ficou a analisá-las interessada, enquanto elas se sentavam, e ouviu Kyoichi comentar ao lado dela de forma também surpresa demais.

-Por uma lady chique dessas até eu gostaria de mulher.

Parecia que todos tinham parado pra admirar. Nem revistas mostravam uma mulher tão linda quanto aquela.
Alguns minutos se passaram até Elisha se concentrar de novo, mas Myuki veio cochichar algo que levou sua concentração embora novamente:

-Sayonomi, aquela bonitona quer que você atenda ela.

-Mas eu to no caixa... – A resposta veio hesitante, ela sentiu uma pontada no peito.

-Eu fico aqui pra você, vai lá! – Myuki puxou e empurrou Elisha na direção da mesa delas, a garota não teve muito escolha, se aproximou delas tímida e disse educadamente:

-Pois não?

-Sente-se. – Anita olhava pra ela com as mãos dobradas em frente a boca, fazendo um apoio pro queixo. Elisha não conseguiu a olhar nos olhos.

-Mas eu... – Era meio absurdo, pois ela estava lá a trabalho, mas a mulher não a deixou protestar contra aquele pedido.

-Eu vou cuidar de tudo. Apenas obedeça. – Elisha nem hesitou mais, sentou-se de frente pra ela, calada – Eu gostei de você, Elisha Sayonomi correto? – A garota confirmou com a cabeça – Tem algo familiar nos seus olhos, talvez seja a cor. Me lembra de quando eu tinha sua idade. Posso ver tanta coisa neles. – Foi falando pausadamente e observando Elisha, que estava se deixando envolver por aquela voz – Ambição, indiferença, confusão, arrogância, ódio...

-As pessoas dizem que são vazios e sem luz. – se esforçou pra conseguir responder.

-Você acha que essa ralé iria conseguir ver o que há dentro deles?

-Diz isso sem nem me conhecer. – Elisha não conseguia ser rude, estava sendo passiva.

-Eu não preciso. Quer saber o que mais eu vi? – Anita não esperou resposta, apenas sorriu – Você os vê como vermes, não é? Não entende porque eles são tão idiotas e mesquinhos a maioria das vezes. Por que são tão dependentes de amor, atenção, carinho, sexo e outros desses luxos. Se sente sozinha por não entender e não sentir essas mesmas necessidades, e essa solidão machuca você de tal modo que ninguém consegue perceber, alem de você mesma. Estou errada? – a garota ficou calada, Anita estava certa até demais – Você também não está Elisha. Todos eles são vermes e vivem como vermes nesse mundo nojento que eles criaram. Vivem pra sofrer e chorar pelos erros que eles mesmos cometem. Triste e fútil... - Anita parecia estar mesmo acima da mentalidade de pessoas normais, de um jeito cruel e arrogante. Ficou a passear com o indicador pelas bordas da sua taça de vinho – Dramas dramas... Esse mundo medíocre gira em torno dos humanos e seus dramas. – o dedo dela foi para o queixo de Elisha agora, na medida em que ela se inclinou um pouco sobre a mesa pra poder alcançá-la, erguendo o olhar da garota para o seu – Mas pessoas como nós tem um propósito maior Elisha. Nossos dramas não nos atingem, só aos olhos desses cegos com quem nós convivemos. Você nunca chorou pelos seus erros, você nunca levou o verbo “viver” a sério não é? No fundo você sabe o quanto a vida não tem importância. Nós temos o necessário pra fazer tudo isso girar em torno da nossa vontade, fofa. Nós podemos mudar esse lixo insensato que nossos antepassados nos deixaram, não é isso o que você mais quer? Então pare de bancar a boazinha, boba... – Anita tomou um gole do vinho sem desviar o olhar da garota – Ambas sabemos que você não é.

-É como se você soubesse tudo sobre mim. – Elisha se sentiu mais encorajada, Anita parecia compreende-la de uma forma que ninguém nunca pudera – É estranho achar que você sabe isso tudo só de me olhar...

-Você também nunca me viu, mas sabe exatamente quem eu sou. – ela sorriu de novo – O que você precisa é aprender a ouvir seus instintos. A ouvir os espíritos que sussurram pra você. E eu posso ajudar com isso.

Elisha ficou em silencio como num transe, estava fascinada por aquela mulher. Mas Anita se levantou da mesa e fez um sinal, se afastando dali. Elisha ficou sozinha com a acompanhante daquela mulher. Era mesmo a Anita Sullivan que Luise tinha citado? O que ela fazia ali? Ela havia imaginado alguém mais perigosa, porem aquela mulher parecia ler seus pensamentos e entende-los por completo.
E a menina, Sadako, não falava uma única palavra. Ficava ali comendo doces, daqueles que nunca se vê pedir em um cardápio por serem caros demais. Desconfiou que ela fosse mesmo muda, lembrava Erin de alguma forma. Talvez um fantasma também.
Elisha já teve Halloweens bizarros, mas esse estava sendo o melhor deles.
Aquela sensação foi cortada por um susto, uma voz agressiva a chamou do nada, era o patrão, e ele não estava muito feliz.

-Ei menina! Eu não to te pagando pra ficar ai sentada de conversinha, faz o favor de voltar pro serviço! Já vou descontar metade do salário por isso!

-Mas... – Elisha não tinha culpa, tentou se explicar, mas foi em vão.

No meio daquela bagunça viu Jenny cochichar de forma provocativa pra Myuki que aquele era seu pai, o dono do Midnight, e Myuki soltou uma exclamação demonstrando pena de Elisha. A garota olhou ao redor ainda ouvindo os xingamentos, mas sem prestar atenção, as pessoas que estavam lá riam, sentiam pena dela ou faziam comentários maldosos sobre a situação, todos iguais...
Ninguém tentou defende-la, nem mesmo Myuki que sabia o que houve, ninguém tentou acalmar as coisas, é claro que não. Afinal, aquele era o “todo-poderoso” dono do clube. Quem iria desafiá-lo? Anita estava certa sem duvidas. Não passavam de vermes.
A única pessoa indiferente aquilo, que não deixara de dar mais atenção aos seus doces e estava tão concentrada com eles, talvez por achar perda de tempo, era a menina de cabelos tingidos. A garota tinha uma aura de indiferença única naquele local, Elisha podia diferenciar ela das outras dezenas de pessoas mesmo que ela também não reagisse diante da cena. E Sadako seguia aquela mulher.

-Você tá me ouvindo? – vociferou o pai de Jenny.

-Olha... – Elisha não ligava em perder o dinheiro, não ia aceitar aquilo vindo de ninguém.

Se abaixasse a cabeça agora estaria se rebaixando ao nível daquelas pessoas, ou como ela chamava: “porcos” ou até a palavra que Anita usou “vermes”, ela estava saindo de si aos poucos e essas palavras começaram a ecoar pela sua mente junto com o sermão idiota daquele homem. “Pra que fingir ser boazinha? Pra pisarem em você mais ainda?” Irene complementava aquela frase de Anita e Elisha se ergueu da cadeira, lançando um olhar de desprezo pra ele e a menina de cabelo rosa a seguiu com os olhos demonstrando alguma expectativa. Elisha estava mesmo pronta pra falar um monte, mas alguém foi mais rápido e falou antes:

-Fui eu quem pedi a companhia da garota. Se achar ruim, resolva-se comigo.

-A senhorita? Mas isso... – o velhote se surpreendeu quando deparou-se com a dona da voz, Anita tinha voltado. Elisha só ouviu e observou a partir dali.

-Eu vou pagar bem pela boa vontade dela. – ele ficou sem palavras também – Cinco vezes mais do que eu gastar aqui, contando mil dólares por hora que ela ficar comigo. – Anita não parou, continuou caminhando para a mesa sem pressa e no caminho sussurrou algo no ouvido do homem que só Elisha e Sadako puderam ouvir, além dos dois – E se eu fosse você aceitaria a oferta, porque eu posso fechar essa espelunca num estalar de dedos e te deixar tão miserável que você vai precisar prostituir sua filha e esposa pra conseguir comida. Capiche?

Aquilo foi tão familiar... Victoria a defendeu da mesma forma nas férias, porem Anita era bem mais cruel, clássica e incrível. A garota não sabia se a admirava ou temia.
E aquela maneira venenosa de humilhar as pessoas... Só podia ser a mãe de Victoria.

-Quando quiser um emprego a sua altura me avise. – Disse pra Elisha – Essa gente ignorante daqui não te merece.

Anita ficou lá bastante tempo talvez umas 4 horas, era incrível como todos olhavam Elisha com respeito agora. O chefe e Jenny sumiram de vista, o que até a fez rir um pouco e a companhia daquela beldade não poderia ser melhor, fazia Elisha se sentir ótima, inabalável e autoconfiante, ela bebia das palavras de Anita com gosto. A mulher tinha respostas pra tudo, sabia de tudo, simplesmente perfeita. O seu conceito de perfeita, pois o perfeito dos outros seria Emily. A morena até se esqueceu de perguntar sobre a Black Rose de que Luise falara e mesmo se lembrasse, era melhor não tocar no assunto. Não sabia o que Anita faria se tomasse conhecimento do que Elisha sabia sobre aquilo, isso se ela já não soubesse...

-Quando quiser me ligue. Vou te colocar no seu devido lugar. – foi a despedida de Anita complementada por um de seus sorrisos avassaladores, ela deixou um cartão e não olhou pra trás.

-(Confiável?) – questionou-se Elisha quando estava na hora de ir embora – (Não... Tem algo nela pior que você.) – Isso foi pra Irene.

-Pior que eu? Mas eu sou boazinha!

-(Claro...) – Sarcasmo era o que mais marcava suas conversas com seu outro lado.

O patrão a procurou antes que ela saísse de lá, e a garota já estava pronta pra falar tudo que não tinha conseguido. Porem o que ele disse a deixou sem palavras.

-Olha garota, queria pedir desculpas por mais cedo.

-Sem problemas.

-Tá brincando? Por sua causa nós faturamos o que a gente lucra em umas duas semanas num dia só! – ele tirou uma quantia de dinheiro enorme do bolso – Eu vou te pagar o dobro do prometido. E que tal trabalho fixo aqui?

-Quê?? –
Ela não podia acreditar – É você quem tá de brincadeira né?

-É sério! –
o velhote gargalhou – Bem vinda ao Midnight Srta. Sayonomi!

Elisha saiu de lá se batendo pra ver se não era um daqueles seus sonhos. Primeiro ela tinha feito amizade com uma mulher e tanto, Luise; Segundo Vic voltara a dar atenção pra ela; Terceiro Emily com o tal emprego temporário; Quarto Erin é um fantasma que sentava do seu lado todo dia; Quinto Anita entrou na sua vida e que entrada ela fez; Sexto cachê dobrado e trabalho fixo.
Seis era um numero de extremo azar segundo previsões em cartas de baralho, mas onde estava esse azar? Aquilo era bom demais pra ser verdade.
Pensou em ligar pra Vic e ver o que ela queria, mas seus créditos foram embora naquela ultima mensagem. Tinham dúzias de ligações perdidas de Victoria quando ela religou o aparelho, mas a ultima fora a meia hora atrás, tinha parado. Talvez ligasse de novo e em caso negativo ela mesma ligaria de casa. Mal esperava pra esfregar aquilo na cara do pai. Ia ser ótimo.
Chegou na porta de casa, teve a impressão de ver Erin na janela fazendo algum sinal pra ela. Um tipo de aceno negativo. Uma voz a surpreendeu:

-Tem um minuto, Elisha? – Era Emily, de roupão na porta de casa, parecia não conseguir dormir. Já era tarde.

-Acho que estou te devendo. Ok.

-Só quero conversar. Desabafar sabe? Pode entrar, depois eu aviso seu pai.

Ela concordou e as duas foram pra sala da casa de Emily, era um lugar limpo e organizado como Elisha imaginava que fosse. A professora era mesmo perfeitinha. Sentaram-se em poltronas confortáveis e a mulher ofereceu chá de hortelã para ela, um bule já quente estava sobre a mesa como se ela estivesse esperando Elisha chegar.
A garota aceitou e Emily começou a falar.

-Sabe... Tem coisas que eu não conto pra ninguém. – seu semblante era sério – Todo mundo que me conhece diz que sou uma mulher exemplar, bem de vida, que tenho tudo que quero, mas... – ela parecia hesitante, não era normal – Como educadora é assim que eu devo parecer, um exemplo. É sempre isso que eu ouço “Você é bonita, independente, batalhadora”, mas isso cansa. Eles não sabem o que eu já fui, o que eu já fiz, o quão baixa eu sou realmente. Já fui viciada, suicida... Mas nunca consegui me matar... Eu já fui do pior tipo...

-Você teve motivos não é? – Elisha a encorajou a continuar.

-Eu não sei como te contar. – Mesmo aparentemente envergonhada, Emily respirou fundo e soltou o que estava enroscado na sua garganta. Aquela era sua história. – Eu nasci e fui criada em Londres, com meus pais e meu irmão mais velho, nossa vida foi normal até meus dez anos. Éramos humildes, mas felizes. Até que aos vinte anos meu irmão sofreu algumas frustrações na vida e não agüentou. Começou a beber e se drogar. E meu pai ficava fora trabalhando o dia todo... – ela respirou fundo – Meu irmão chegava em casa sob efeito dessas coisas e batia em mim e na minha mãe. Mas a gente gostava dele e sabíamos como meu pai era, escondemos isso. Meu pai desconfiava, mas nós sempre negamos. – os olhos dela lacrimejavam, mas Elisha não ligou – Só que ele chegou em casa tão mal um dia que bateu na minha mãe até ela desmaiar, eu achei que ela tinha morrido, não parava de chorar e gritar. Daí ele veio na minha direção... Eu não entendi quando alem de me bater – ela sorriu tentando disfarçar inutilmente – Ele tirou minhas roupas e... Você sabe... Eu não entendia bem o que ele estava fazendo, só tinha 12 anos, sem malicia na cabeça. Só que depois dessa meu pai descobriu e eles brigaram feio - a primeira lágrima caiu – Eles se mataram na minha frente e eu não pude fazer nada. Minha mãe tinha a cabeça frágil e isso abalou ela demais, mas só enlouqueceu quando descobriu que eu tinha engravidado do meu irmão. – o sorriso falso se desfez – Ela me arrastou da Inglaterra pra America com vergonha de descobrirem e me trancou como se eu fosse um monstro. Me tirou da escola e não me deixava sair de casa, eu ficava lendo o dia inteiro trancada no quarto e ela me culpava por tudo que aconteceu e me espancava... Mas as crianças nasceram saudáveis, eram meninas gêmeas, foi um milagre eu e elas termos sobrevivido, só que foi minha mãe quem pegou elas no berçário e sumiu com as duas. Não importou o quanto eu chorei e me humilhei pra ela, não disse o que tinha feito com os bebês. – mais lagrimas caíram – Daí sim ela me colocou na escola de novo, ocultou que eu estive grávida. Foi nessa época que eu comecei a me drogar, beber excessivamente, tentar suicídio e dormir com quase todos homens da sala, pra ser sincera acho que dormi até com mulheres também... Nada preenchia aquele vazio que eu sentia e as surras que ela me dava ficaram piores, um dia ela me bateu tanto... Que aconteceu algo com ela... – as lagrimas começaram a cair sem parar – Não sei como, ela enfartou... e eu deixei ela morrer. Não telefonei pra médico nenhum... Fiquei assistindo ela se contorcer e gemer na minha frente até parar de se mover definitivamente. Depois eu achei que era minha vez, ia fazer certo dessa vez... Peguei uma caixa inteira de veneno pra rato e uma navalha bem afiada, pretendia cortar os pulsos, tomar o veneno todo e se tivesse forças ainda enfiar a faca na garganta. Mas antes disso o telefone tocou e eu pensei “Porque não atender?” eu sempre acreditei que alguém iria me salvar daquela vida, então talvez... Mas desligaram antes de falar qualquer coisa e eu procurei o numero na lista telefônica. Era um orfanato... Eu chorei mais ainda quando pensei na possibilidade das minhas filhas estarem vivas. Minha mãe estava louca mas não era uma assassina, não tinha coragem de matar nem animais, como iria matar duas crianças? Fui mandada pra um reformatório depois disso, e quando sai decidi esquecer o passado – parou de chorar aos poucos – Peguei firme nos estudos e me formei numa das melhores universidades do país, meu único objetivo esse tempo todo foi achar minhas filhas. E alguns anos atrás eu recebi uma carta dizendo que elas estudavam no colégio Dark River em Sleepy Hill. Consegui emprego lá fácil, mas até hoje eu não achei as duas, não tenho nem pista de quem sejam e isso é frustrando demais... Me desculpa descarregar tudo isso em você, mas eu não tenho mais com quem falar... Não consegui fazer bons amigos aqui então... Me desculpe.

A primeira coisa que veio na cabeça da morena foi que se caso uma das filhas de Emily fosse Yuna... Ela iria surtar.
Luise tinha dito que Yuna tinha uma irmã gêmea.

-Deve estar me achando uma idiota sentimental agora né? – disse enxugando os olhos – Mas achei que podia dividir isso com você. – evitava olhar pra Elisha, estava envergonhada.

-É, você tem razão. Idiota sentimental. – foi rude.

-Devia saber que você ia dizer isso. – Emily riu forçadamente.

-Não é por estar chorando, é por estar cedendo. Não precisa ser perfeita, só seja forte.

-Eu tenho medo sabe... De não encontra-las.

-Medo... Sabe, medo é como o passado. Você não pode fugir dele pra sempre. Ele vai continuar te assombrando a vida toda até você criar coragem e enfrentar ele. Não importa o que você foi ou fez, olha o que você é agora. Você venceu seu passado, é minha melhor professora, a mais chata de todos...

Emily riu de novo, mas dessa vez foi sincera. E Elisha perguntou o que foi.

-Está tentando me reconfortar? – ela voltou a observar Elisha, intrigada.

-Mais ou menos. Por quê?

-Você é mesmo diferente.

-Por que diz isso?

-Mesmo sendo formada em psicologia as vezes eu não entendo o que se passa pela sua cabeça, se você faz as coisas por bondade ou maldade... O Kusanagi estava certo mesmo, disse que eu podia me abrir com você.

-O Jin? Ele disse isso? –
Elisha não esperava por essa, ficou encabulada.

-Sim, disse que você é gentil de um jeito rude. Ele gosta de você, Elisha. – Emily parecia ter voltado ao normal – Mas você tem razão. Chega de chorar... Não tem por que eu ser negativista, a partir de hoje você vai ser minha psicóloga Srta. Sayonomi! Amigas? – ela soltou um riso, observando a garota carinhosamente.

-Amigas... – Respondeu hesitante. Elisha não tinha pedido por aquilo, mas... O que ter amigos tinha de demais? Talvez ela devesse tentar.

Boa ou má? Ela seguiu pra casa pensativa. Jin dizia que era gentil, Anita sabia que ela não era boazinha e agora ela havia ajudado alguém, não podia negar. O que era ela afinal? Em sua mente Irene estava calada.
Ao abrir a porta de casa levou outro susto, sua gata saiu correndo de lá de dentro passou debaixo das suas pernas e ficou na escada do lado de fora da casa, miando pra ela.

-Que foi? Vai dormir na rua hoje? Eu não vou te levar pra passear, você é um gato.

Morrigan miou mais uma vez e fitou Elisha com seus grandes olhos amarelos, como se fosse falar com a garota, mas correu dali desaparecendo na noite.
A morena suspirou cansada, o gato saia e voltava pra casa quando queria, decidiu não se preocupar e entrou em casa batendo a porta.
A luz da cozinha era a única acesa, seu pai não parecia estar em casa, quieto demais. Havia um odor estranho por lá, mas o que chamou sua atenção foi uma melodia familiar vinda do seu quarto. Foi checar e viu uma caixa de musica esquisita, preta e metálica. A melodia era a de ‘This is Halloween’ de o “Estranho Mundo de Jack”, musica bizarra se você levar a letra a sério. Uma etiqueta desejava um “Feliz Halloween”.
Seu pai não costumava dar presentes de Halloween. Outro susto, o celular tocou.

-Oi?

-Por que você não atendeu antes? – Era Vic, sua voz demonstrava alguma seriedade.

-Estava trabalhando. – Elisha foi pra cozinha ver se o pai não estava lá mesmo.

-E você trabalha? Por que não me contou?

-Se o seu único assunto comigo não fosse Yuna talvez eu tivesse contado. – Quis jogar isso na cara dela, chegou na cozinha e não viu o velho. Mas a mesa estava arrumadinha, coberta, bonita... Parecia que ele estava preparando um jantar pros dois.

-Vai bancar a dramática agora é?

-Chame como quiser. – O cheiro estava mais forte lá, e Irene continuava calada.

-Não vou discutir com você agora, descobri algo importante.

-E lá vamos nós de novo... – Estava se irritando com aquilo.

-Dá pra calar a boca e me ouvir droga!? Isso é sério! – Nunca ouvira Victoria falar nesse tom agressivo antes, deu a volta na mesa. Tinha visto algo no chão. – Uma das ramificações da Black Rose, nome da minha família, carrega o nome Ishida. – Aquilo no chão era vermelho... Elisha perdeu o ar na hora, era sangue. Escorrendo de trás da mesa. – Aquele cara da sua sala não sabe onde você mora, sabe? – Vic continuou falando, mas ela não ouvia mais nada, só seu próprio coração acelerando cada vez mais.

O rastro de sangue revelou uma mão saindo de lá detrás, Elisha não quis dar a volta completa pra confirmar. Sabia que aquele corpo era do seu pai. Seu corpo perdeu as forças, como se alguém as tivesse roubado bruscamente.

-Sai daí... – A voz de Irene finalmente veio, e tudo começou a fazer sentido.

A melodia da caixa de musica continuava, estava se enfraquecendo. Não era um presente de seu pai... Erin na janela fazendo aquele sinal, estava tentando avisa-la. Até sua gata de estimação tentou avisar... Como não tinha percebido antes? Aquele cheiro era gás.

-Se ele souber você pode estar ferrada Elisha, esses caras da família Ishida deixam ninjinhas no chinelo. Ta me ouvindo?

-Saí daí agora! – A voz de Irene parecia um estrondo, a garota correu pra porta de saída.

-Elisha me responde! – Vic percebeu que tinha algo errado.

O corpo da garota tremia por inteiro e seu coração parecia que ia sair pela boca ou explodir, chegou na porta. Ela estava trancada.
As chaves que ela tinha deixado ali desapareceram e ela não tinha força pra arrombar aquela porta enorme de madeira maciça... O desgraçado pensou em tudo.
Não havia mais nada que ela pudesse fazer.
Essa Black Rose era tão perigosa assim? A melodia havia parado, agora ouvia-se alguns estalos vindos de lá. Elisha encostou-se de frente na porta, apoiando a testa nela, levou o celular à orelha devagar.

-É meio tarde você me dizer isso agora... – A voz dela estava tremula.

-O que ta acontecendo? – Vic parecia estar mesmo preocupada, Elisha ficou contente com isso apesar de tudo.

-Agora você sabe que é ele... Só pode ser. – Tinha uma ultima coisa que ela precisava dizer, mas era difícil demais pra ela.

-Elisha... – Victoria era mesmo perceptiva, notou o que estava havendo e a deixou falar.

-Eu só queria dizer que eu... – Aquela maldita palavra não lhe saia de jeito algum, Irene a amaldiçoava por não ter corrido pra uma janela primeiro. Não faria diferença, a camada de madeira estava bloqueando... Trancada a cadeados que não pertenciam à casa. Ela não ligou, deixou-se escorregar pela porta ficando de joelhos diante dela – Eu... – Não entendia por que era tão difícil usar uma simples palavra.

Ouviu um ‘clic’ vindo do seu quarto, era estranho como ela tinha esperado tanto por esse momento e agora que ele chegou, ela quisesse mais tempo. Pelo menos pra poder estar com aquela garota do outro lado da linha uma ultima vez. Queria fazer tanta coisa com ela... Falar tanta coisa pra ela...

“Eu volto pra te buscar... Daí a gente some juntas, sem precisar se preocupar com mais nada.”

Essas palavras pareciam um sonho tão distante agora. No fim ela nem mesmo tinha conseguido dizer o que sentia por Victoria. Que vida inútil ela tinha levado até agora... Elisha fechou os olhos serenamente.

-Eu...

A explosão mal espalhou as chamas pela casa e as sirenes já ecoavam no bairro, quebrando o silencio profundo dos subúrbios de Sleepy Hill. Fumaça no ar, cacos de vidro e destroços no chão, fogo pelo que tinha restado de onde viviam os Sayonomi.
Mais uma vez aquela atmosfera mórbida marcava presença, aquela tão comum “beleza macabra”, e os rádios anunciavam um acidente com vazamento de gás.
Admirando aquilo tudo de longe, um jovem de cabelos próximos a um prateado murmurou pra si mesmo, sob a escuridão dos subúrbios.

-É uma pena que você tenha insistido. Não era você quem eu queria... – Os olhos avermelhados dele não demonstravam nada, estavam vazios, como sempre foram – Você perdeu Elisha Sayonomi.

Ele se foi, desapareceu nas sombras como se fizesse parte delas, nessa mesma hora na saída da cidade uma jovem incomum de cabelos cor-de-rosa nada discretos colocava uma daquelas abóboras de Halloween com careta cortada e vela dentro sob a placa de “Bem vindos a Sleepy Hill” como se fosse um tipo de oferenda.

-Ai está bom Sadako, vamos embora. – A garota acenou com a cabeça, silenciosa, para a dona daquela voz e entrou na Lamborghini negra em que ela estava.
O carro saiu da cidade e Anita cochichou pra si mesma:

-Feliz Halloween.


♫ Everybody hail to the pumpkin song ♪

5 comentários:

  1. Esse um causou um otimo efeito.. hehe
    Tipo "Não acredito que a Elisha morreu !" ou "Vc matou a Elisha seu **** !!"

    Bem, foi um dos melhores. Até Anita teve.
    Feliz halloween. =p

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  2. TT-TT
    Chorei agora, mano, ela não merecia morrer
    TT-TT

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  3. OMG!!!!!!!!!!! PUTA MERDA, QUE MACABRO...
    Isso que é um verdadeiro Halloween... Nunca quero ter um desses. Maluco, MUITO SINISTRO. Até assustei aqui. Não acredito. O_O'

    Erin sempre perto dela e só ela via, Anita hipócrita, nojenta e cruel, a história da Emily e esse fim... PUTZ....

    ESTOU PASMA AQUI...

    Muito bom, mas MUITO, MEGA TENSO e macabro... Jesus!!! O_O'

    Elisha... Não!!!!
    Ela não morreu, eu sei que não (?) Ç____Ç'


    D.

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  4. Beem que eu queria uma caixinha de musicas dessas, maas seem o resto, só a caiixinha . kkkkk'
    O estranho mundo de Jack é um dos meus filmes favoriitos. eu sou apaixonada pelo jack . kkkk'

    Caaaaaaaaaara, foii muiito tenso esse, nooossa sem explicações, até agoora o melhor de todos ever. huaishauishauishauihs !

    Rowan

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  5. o capítulo foi ótimo, mas a emily se abrir com a elisha está entre as coisas mais idiotas que eu já li.
    n prcisava disso ein...

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