segunda-feira, 27 de julho de 2009

Capítulo VII - Amor

Taichi Matsumoto... Parece que a dona morte não gostou de ele ter salvado alguém da lista dela. Quem entende as equações que ela faz?
Os pais abraçados, a namorada sentada e a amiga dela consolando. Todos entre soluços e lágrimas, tudo havia acontecido rápido demais. Traumatismo craniano, ele não sobreviveu.
No meio disso tinha uma menina de preto encostada numa parede longe das outras pessoas, indiferente a situação.

-E a senhorita? Amiga do rapaz? – Perguntou o medico que deu as más noticias.

-Não, só estava lá pra pagar um favor. – respondeu Elisha ainda indiferente. -E o motorista do caminhão?

-Fugiu. Nem a placa pegaram. E de qualquer forma, meus pêsames. – Disse indo embora.

-(Tanto faz...)- Elisha se virou pra olhar Yuriko mais uma vez. Aquilo era horrível, a expressão no rosto dela. Amar se resumia naquilo na mente de Elisha,cachoeiras de lagrimas. Por que eles insistiam no amor afinal?

Era algo que ela nunca havia compreendido.
Não tinha porque estar lá, não gostava deles e já tinha pagado sua “divida”, saiu do hospital topando com alguns colegas de classe que ficaram se perguntando por que ela estava lá. Viu Jin de relance, que olhou pra ela rapidamente e entrou no hospital.
Elisha se sentou na lanchonete ali perto e pediu um lanche natural, mesmo odiando gastar dinheiro com comida. As coisas realmente tinham ficado interessantes e ouviu a voz entre risadas:

-Sobe para dois o numero de mortos!

-(É verdade. Será que tem alguma ligação? Parece impossível, mas quem sabe? A essas horas todo mundo já esqueceu da Yuna. Todo mundo já até saiu do hospital. A Yuriko já deve até ter arrumado namorado novo.)

Ela ficou perambulando por perto do hospital, pensando em voltar pra casa e quando finalmente decidiu voltar, ouviu a voz:

-A noite ainda não acabou.

Viu alguém sobre a ponte pela qual ela passava. Estava bem na ponta, olhando pra cidade do lugar que era alto.

-(É a Yuriko)- Reconheceu Elisha- (O que ela está fazendo ali?)

-Não é obvio? A maneira mais fácil e resolver as coisas!- Berrava a voz na sua cabeça.

-(Ela gostava dele a esse ponto?)

Ela iria se suicidar, Elisha parou ali perto e ficou olhando pra Yuriko, tomando no rosto o mesmo vento que a outra tomava. Alguns minutos se passaram naquela sensação de suspense, até que Yuriko a percebeu lá e virou-se assustada, parecendo se envergonhar dói que estava fazendo. Começou a pronunciar o nome de Elisha, soluçando, mas viu que a garota estava ali estática, com seu ar de indiferença rotineiro, e que não pretendia fazer nada além de observar.

-Você nem... - disse Yuriko voltando a olhar pra baixo, gaguejando – Nem vai tentar me impedir, né ? – Elisha não entendia como Yuriko estava ali, diante daquela altura. Onde estavam Aileen e os outros agora? Yuriko tinha fugido deles, só pra tentar se matar?

-Sabe, eu sempre tive pena de você... – Continuou Yuriko, sem olhar para Elisha que estava a fitando em silencio – Sempre sozinha quieta e sem amigos. Mas agora... Eu invejo essa sua frieza... Essa sua indiferença. Porque você não tem noção de como eu to me sentindo agora. Eu o amava demais e não consigo me imaginar vivendo sem o Taichi... Nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos... Seria melhor se eu fosse igual a você, não gostasse de ninguém.

Não era simples assim, Elisha tinha perdido a única pessoa que ela sabia que a amava ainda pequena. Ela não aprendeu a fazer amigos, ela não aprendeu a amar, ela nem sequer sabia o porquê de ela mesma não ter se suicidado antes.

-(Sua dor é uma das piores sim. Mas a pior você está longe de conhecer. Você sempre teve quem ligasse pra você, sempre foi amada. O que você entende de sofrimento? O que você sente é curável, você ainda tem quem se importe com você, mas é fraca e egoísta, Yuriko Kanagawa. Essa é a verdade.)

Se ela não tivesse limitado essa resposta apenas a sua mente, Yuriko teria descido de lá e corrido pra abraçar a colega, conseguindo chorar mais um pouco mesmo que ela já tivesse secado seu “estoque de lagrimas”.
E Elisha sabia disso, mas não queria salvar a colega.
Não era boazinha e nem gostava de Yuriko. E por outro lado, na mente da menina, era assim que pessoas que não fossem fortes o suficiente pra encarar a vida deviam acabar. Elisha simplesmente bocejou, segurando a resposta.
Aquela cena era bela, os cabelos castanhos de Yuriko voavam seguindo o vento forte que batia sobre eles e a jovem estava lá inerte e em silencio, dando seu ultimo suspiro olhando a lua daquela noite escura.

-Sou sua fã viu Elisha ?- Yuriko quebrou o silencio deixando seu corpo cair da ponte murmurando um “adeus” sereno para a colega que permaneceu observando ela cair.

-(Por dentro eles são todos iguais.)- Pensava Elisha olhando a colega pela ultima vez – (E o tal do amor continua sendo a maior força e fraqueza deles.)

Ela foi embora, respondendo pra Yuriko, achando que talvez ela fosse ouvir.

-Boa noite Yuriko.

Ela acordou normalmente no dia seguinte, ouvindo o rádio anunciar que outro corpo de outra jovem da sua classe tinha sido encontrado nas margens de um rio dentro da floresta da cidade, e que coisas bizarras voltaram a acontecer em Sleepy Hill. Dessa vez ela já estava mais informada que o radio, foi pra escola tomando um caminho diferente do de costume, o da ponte pela qual a colega pulou.
Até em junho nada interessante aconteceu, as férias iam chegar, e o pai de Elisha iria ficar com ela esse tempo. Embora ela não gostasse nenhum pouco disso.
Agora era comum ela ver coisas que nunca estiveram em lugar nenhum.
Yuriko... Taichi... Yuna...
Ela os sentiu mais próximos dela agora, e até Erin começou a freqüentar os sonhos da garota várias vezes.

-Quer um pouco, Sayonomi-chan? – Perguntava Erin com seu sanduíche.

-Você pensa demais sua idiota!- Afirmava seu outro eu.

-Não. To sem fome. – Respondia Elisha pra colega, como sempre fora.

2 comentários:

  1. Mal sabia Elisha que um dia ela iria entender isso. rs

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  2. Muito tenso.
    "Fraca e Egoísta"

    Li isso semana passada.
    Omg! ç_ç

    D.

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