segunda-feira, 27 de julho de 2009

Capítulo VIII - Férias

O dia estava ótimo, bem que sempre poderia ser assim. Raras vezes Elisha se sentia desse jeito. Eram férias, finalmente paz.

Programação para férias perfeitas da Elisha:
Acorda e vai direto pro PC > cuida da alimentação > cuida da higiene > volta pro PC e fica lá até cair dura de sono.

O que ela fazia de tão interessante no PC? O que todo jovem faz.
Jogos, animes, músicas, chats...
Alguns adultos não entendem, mas essa porcaria dessa maquina que escraviza os jovens, é na verdade um refúgio espiritual que eles encontraram pra fugir um pouco do mundo que seus pais e avós criaram. Não era diferente com Elisha. Até ela tinha alguns colegas de internet, especificamente eram quatro.
Um atendia por “Koala”, era gay assumido e contava suas aventuras amorosas e sexuais pra garota (que não gostava daquilo nenhum pouco).
A segunda era uma tal de “Fran”, animada e namoradeira, chamava ela de amiga mesmo sem ser mutuo, sempre estava falando de musicas ou homens. Péssimo gosto pra ambos.
A terceira chamava-se “Mah” (De Mary), era uns sete anos mais velha que Elisha. Só falava com Elisha se fosse pra dar em cima dela descaradamente.
A quarta era a mais interessante, Vic (De Victoria). Bissexual e completamente insana. Elisha até que gostava de falar com ela, mas não admitiria nunca.

-Alô... -Ela atendeu ao telefone totalmente sem vontade.

-Sou eu, como você está? – Era o pai dela, com sua voz grossa e meio rouca.

-Bem... Eu acho.

-Só pra avisar que amanhã eu devo estar aí.

-Tá bom... – Ela não gostou nada da noticia.

-Então até amanhã. Te amo. –E desligou, bipes de telefone ocupado.

-Ama nada... – Respondeu ela pra ninguém, pendurando o telefone no gancho.

Ela não sentia que seu pai realmente se importava com ela. Ele era bem egoísta, mas fazia de tudo para o bem da filha, mas de uma forma muito errada.
O tipo de “pai-não-amigo” que não conhece o próprio filho. No dia seguinte ele realmente veio. Chegou perguntando onde ela estava, no quarto, ela suspirou e pensou que uma hora ela teria que dar oi pra ele, melhor fazer isso de uma vez.
Quando ele a viu, criticou o habito dela de ficar no computador e não estar estudando, Elisha odiava quando ele dava opinião nas coisas que ela fazia.

-Você cresceu hein... – disse ele a abraçando – Está namorando?

-Não. – Ela não retribuiu, mas se deixou abraçar.

-Ainda bem!

Ele se afastou um pouco pra poder olhar a filha melhor. Eles eram parecidos, a diferença é que os cabelos negros dele eram curtos e ele tinha um pouco de barba no queixo e rosto masculino, os olhos dele eram negros, o tom amarelado de Elisha tinha sido herdado da mãe.

-Você ta linda. Me lembra demais a sua mãe.

Ela odiava quando ele a comparava com a mãe.

-Estou com fome. Vamos sair pra comer uma pizza, que tal?

-Tanto faz.

Ela odiava sair de casa com ele.

Depois da pizza ela voltou pro PC e acabou contando pra “Vic” sobre tudo aquilo e ela acabou respondendo pra Elisha que ela faria aquilo ficar divertido caso ela estivesse lá. Elisha quis desafiá-la e mandou um “Vem aqui e tenta” pra tal Victoria, não achou que ela fosse considerar a proposta.

“Hmm... Isso foi um convite? Se for eu te pego de surpresa.”

Foi a resposta. Elisha não levou a sério e foi dormir.

-Por que você não mata seu pai? –A idéia veio do outro “eu” dela, que ela tinha batizado de “Irene” temporariamente enquanto ela não se lembrava do seu verdadeiro nome. Não tinha
conseguido pensar em nada melhor.

-(Porque não me convém) – Ela tinha se acostumado a dialogar com seu outro lado, mesmo achando que aquilo era loucura da sua cabeça.

-Você é uma covarde, isso sim. – Foi a resposta de Irene – A questão é, de que você tem tanto medo ?

Uma das piores manias do pai de Elisha era pedir pra ela fazer vários favores e depois ficar jogando na cara dela que ele não pedia nada pra garota e que fazia tudo que ela queria e pedia pra ele. Como se ela pedisse algo. Só ficava quieta por que odiava discutir e porque ainda era ele quem pagava as contas dela.
Elisha não entendia onde ele via tanta sujeira na casa a ponto de pedir ajuda pra limpá-la umas cinco vezes por semana.

-Tem bastante gente morrendo aqui hein... – Disse ele lendo um jornal.

-(Você nem imagina.)- Ela ignorou o comentário.

Mais tarde, no banho, Elisha pensou em reconsiderar a proposta de Irene sobre matá-lo quando ouviu o:

-Elisha, vê se não fica demorando demais ai!

Ele era chato demais. A garota ficava com raiva só de ouvir a voz dele, odiava tudo sobre o pai. Talvez odiasse ele mesmo, não só o que ele fazia.
Mais tarde ele pediu pra ela ir comprar cigarros.
Era uma forma de matá-lo lentamente, ela nem hesitou.
Pelo menos assim ela saía daquele lugar, vestiu um moletom preto com capuz e foi pra um bar.

-Fuja de casa! –Sugeriu Irene.

-(Claro, daí eu viro prostituta pra me sustentar.)

Mas uma voz chamou por ela, interrompendo seu dialogo mental.

-Então você é a Elisha Sayonomi !

A voz veio de uma menina morena, de cabelos curtos até metade do pescoço, que estava encostada num carro a encarando sob óculos escuros, como se estivesse a esperando.
E essa garota era bem familiar.

3 comentários:

  1. A Victoria com certeza foi a personagem mais odiada dessa historia. Os comentários das pessoas sobre ela eram hilários. rs
    Mais pra frente os motivos aparecem. Mas eu pessoalmente, adoro ela. '-'

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  2. É.. Conflito com o pai..
    Imagino e sei como é.
    Interessante a história de Elisha.
    Nada contra a Victoria, ainda. '-'/

    D.

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  3. não sei se é por ser escrito capítulo por capitulo,mas você realmente quer saber o que vem depois.
    o livro ainda tem um tom de rascunho.
    mas esperemos.

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