segunda-feira, 27 de julho de 2009

Capítulo XIV - Infância

Essa historia começou em Londres, seis anos atrás numa noite fria e escura de lua nova. Mais precisamente num casarão antigo, tradicional e luxuoso inglês, essa casa tinha um andar subterrâneo onde rumores diziam ocorrer cultos satânicos ou pagãos, de magia negra. A verdade? Quem se importaria com ela...
Foi nessa época, no primeiro dia de agosto, ainda primavera, que Luise e Yuna Kayoshi estavam ali paradas em volta de um circulo que tinha um tipo de mini-piscina redonda no centro, seria um desses tais rituais.

-Mãe, por que todo mundo ta usando essas roupas estranhas?

A menina de olhos claros não tinha idade pra entender aquilo, eram mantos com capuz que ela mesma e a mão também usavam, presos com um broche no formato de uma rosa negra. O lugar emanava um perfume confortante e sedutor.

-É um ritual Yuna, de iniciação e aniversário de treze anos da nossa futura matriarca.

-Matriarca?

-Nossa líder, alguém que devemos obedecer e respeitar. Fique quietinha agora, em casa te explico melhor. – Luise virou-se para a filha e cobriu o rosto dela com o capuz, entregando pra menina uma vela vermelha depois de acendê-la. – Vai acabar logo, é só segurar a vela e ficar quietinha ok?

Yuna concordou, sempre fora obediente, embora aquela atividade fosse bem incomum. Ela se lembrava das festas da família que ocorriam quatro vezes ao ano, como se fosse o natal dos cristãos e pessoas normais. Na sua família não existiam essas datas religiosas com as quais todos eram acostumados, natal, páscoa, ao invés disso existiam os quatro grandes sabás. Eles não trocavam presentes, apenas cantavam e dançavam em rituais estranhos. Porem Luise costumava dar vários presentes a filha, não tinha os costumes de uma mãe normal era diferente, e pedia pra ela guardar segredo, passando pra ela tais costumes. Yuna nunca tivera talento pra eles, entretanto, era uma menina normal numa família diferente. Idolatrava a mãe como uma menina normal, ia à escola e tinha amigas como toda menina.
Mas aquela situação era mesmo incomum perto das coisas incomuns rotineiras.
O ritual começou quando as seis crianças que estavam lá, incluindo ela, colocaram os capuzes brancos e seguraram suas velas rubras.
Ela viu sete adultos com mantas negras encapuzados formarem outro circulo na frente das crianças, em torno daquela grande banheira redonda.
Eles murmuravam palavras estranhas que pareciam as canções de bruxas que Luise costumava cantar pra ela dormir.
Em torno da banheira havia marcas estranhas, desenhos e o liquido dentro dela era de um vermelho vivo. Seria aquilo sangue?
Yuna se espantou ao notar que havia algo lá dentro, ou pior, alguém.
Seu espanto se tornou fascínio quando viu aquela menina de pele alva e cabelos extremamente negros emergiu da esfera de olhos fechados, seu corpo ainda entrava na adolescência e seus longos cabelos escuros e lisos estavam encharcados de sangue.
Ela era linda.
Yuna não soube se ela era um anjo ou um demônio.
A menina abriu os olhos e passeou com eles inocentemente por todos que estavam lá, eram verdes, brilhantes. Lembrava aquelas jóias que Yuna ganhou de Luise certa vez, esmeraldas.
Então todos ali se ajoelharam diante daquela garota, Yuna repetiu o gesto um tanto atrasada, o que fez aqueles olhos verdes fixarem-se nela com interesse.
Parecia uma princesa banhada de sangue.

Depois do tal ritual Luise tirou aquelas roupas dela mesma e da filha, voltando a trajar os vestidos brancos de sempre. Porem hoje eram mais elegantes, enfim era um dos grandes Sabás e uma festa estava ocorrendo nos pisos superiores do casarão.
As pessoas pouco repararam na pequena Yuna, embora alguns acenassem pra Luise, diziam coisas como:
“Ela promete ser uma mulher marcante.” ;
“Sim sim, ela lembra demais a própria Anita!”;
obviamente falavam da menina de mais cedo.
Subitamente as pessoas no local, que agora eram dezenas, olharam pra uma direção e curvaram as cabeças.
Duas mulheres desciam as escadas, cobertas por um tapete negro, chegaram no salão onde ocorria a festa. Uma delas era a garota que fizera treze anos, agora ela usava um vestido preto cheio de laços e enfeites, com uma tiara que exibia uma minúscula cartola meio torta para o lado em seu topo e um pentagrama pendurado no pescoço. Não exibia expressões na face.
Mas a atenção de todos estava voltada pra mulher que acompanhava a criança, a mãe, a líder, ela não era alta e a coloração do seu cabelo era negra como os da menina, porem ela usava uma franja que lhe cobria quase toda testa, e duas mechas se enrolavam na frente de suas orelhas. Seus olhos verdes ficavam bem a mostra, eram muito mais intensos, frios e cruéis que os de sua filha.
Pareciam sugar toda atmosfera ao redor pra si, que nada podia se ocultar ou contrariar aquele olhar. Como se ela pudesse ver todos os medos e segredos de quem olhasse.
Os lábios volumosos, pintados com batom preto, e aquele sorriso só se definiam em uma palavra: “Tentação”, e as curvas e corpo perfeitos daquela mulher davam ainda mais ênfase a essa palavra.
Suas vestes eram justas, um vestido elegante, negro e aparentemente bem caro, usava jóias e peças de prata sem exageros.
Todos ali pareciam adorá-la ou temê-la, como reles mortais fariam com uma Deusa.
O coração de Yuna quase parou quando notou que foi na direção dela e de Luise que aquelas duas vieram.
Ficou estática, nem conseguia piscar. A mulher aproximou-se de Luise e tocou-lhe o rosto, num tipo de caricia estranha, trocou algumas palavras com ela e finalmente olhou pra Yuna que não conseguia agir sob aquele olhar divino.

-Diga oi, Yuna. Ela é sua superior. - Incentivou Luise por meio de um sorriso.

Mas antes que a menina de cabelos e olhos claros abrisse a boca, a outra garota de cabelos negros foi mais rápida e falou apontando pra Yuna:

-Anita, eu quero essa guria pra mim.

E Anita riu discretamente do comentário da filha. Respondeu para a mãe de Yuna, sem dar nenhuma atenção para a menina. Sua voz era doce, agradável e arrogante.

-Parece que Victoria gostou da sua menina, Luise. Que tal deixá-la na minha casa amanhã? As duas devem se conhecer melhor.

-Vou perguntar pro meu marido. – Sorriu Luise calorosamente, porem hesitante.

Anita pareceu não se agradar com a resposta e murmurou ironizando:

-Luise, querida... – aproximou-se de Yuna e a segurou pelo queixo. Como se analisasse a qualidade de algum tipo de produto, a garota não conseguiu olhar para os olhos de Anita. O toque dela deixou Yuna ainda mais nervosa e sem ação. – Aquele inútil só vai atrasar sua vida. Livre-se dele.

-Eu o amo, Anita... –
Luise apagou o sorriso.

E Anita se aproximou dos olhos de Yuna, forçando-a a prestar atenção nos seus próprios olhos. Ela riu de novo, depois de fitar os olhos da menina por alguns segundos, e disse como se estivesse a amaldiçoando.

-Parece que os Kayoshi estão mesmo fadados a sofrerem por amor. Amanhã Luise.

Soou como uma ordem, e os olhos dela eram mesmo cruéis. Anita parecia enxergar cada ponto da alma de Yuna, seu passado e seu futuro.
A garota quis chorar, só não o fez por que estava em meio todas aquelas pessoas. Não queria envergonhar sua mãe.
A partir daquele momento Yuna soube que Anita era um demônio.
E Victoria ficou ali em silencio observando as duas.
No dia seguinte de manhã, lá estava Yuna na mansão dos Sullivan. Foi levada até uma parte escura do imenso jardim por um empregado e viu Victoria ali embaixo de uma arvore. Usava um vestido negro leve, parecido com o seu branco, num piquenique solitário com suas bonecas estranhas, macabras. Havia um único pratinho com um pedaço de bolo intocado, garfo e faca perto deles.

-Então você veio. Sua mãe é escrava de Anita mesmo.- Victoria falou sem cerimônias, repousando o rosto em uma das mãos virando-se pra ela ainda sentada no chão. – O que é isso no seu colo?

-Meu cachorrinho. – Yuna tinha ganhado o animal há algumas semanas, era pequeno, de raça e tinha o pelo claro e amarelado. Quis levá-lo pra tentar se aproximar de Victoria usando ele, talvez ela gostasse de animais. – Meu pai me deu pra ser meu amigo.

-Amigo? O que é isso? Anita nunca me falou disso. – Yuna estranhou a pergunta, e mesmo sem demonstrar emoções, Victoria parecia mesmo não saber.

-Amigo é alguém que te diverte e te ama. – Ela sorriu depois da simples explicação.

-Anita me disse que amor é fútil e desnecessário. Você fala coisas estranhas.

-Amor é gostar demais de alguém, não é fútil. É um sentimento muito bom.

-Que coisa idiota.

-E é mesmo! – Yuna riu, era engraçado ouvir Victoria dizendo que ela era estranha, mesmo ela própria sendo a estranha. Nunca tinha conhecido alguém que não soubesse o que era amor e amizade. – Você não ama sua mãe? Por que você não a chama de mãe?

-Não sei... Mas eu gosto de chamar ela de Anita.

Yuna achou que elas estavam se dando bem e olhou um pouco ao redor daquela mansão sombria e bela, enxergou flores bonitas meio longe dali e ficou fascinada. Adorava flores. Nem hesitou, colocou o filhote de cachorro na frente da outra menina e pediu que ela o vigiasse enquanto ia apanhar algumas das flores.
Victoria não respondeu, e Yuna encarou isso como um “ok” e se afastou correndo.
A garota ficou a encarar o cão, que estava inquieto com a presença dela.

-Ela é diferente dos filhos dos empregados. Eles têm medo de mim. Você é amigo dela? – talvez ela realmente esperasse uma resposta do animal. – Quer ser meu amigo também?

Victoria tentou tocar o cachorro com a mão, mas ele não reagiu bem.

Yuna estava distraída com suas flores quando ouviu três barulhos abafados misturados com um ganido agudo. Seu peito apertou, era o cachorro. Ela largou as flores e correu até lá.
Encontrou Victoria sorrindo animada, estava com aquela faca do bolo na mão, ambas manchadas de sangue. E na sua frente o filhote, morto, com três furos na cabeça.

-Ele parou de se mexer, acho que quebrou. Seu amigo não era tão resistente assim. – o sorriso dela era ingênuo, mas tinha uma aura diabólica – Vou pedir pra Anita comprar um melhor pra você.

Victoria largou a faca e correu pra Yuna, que estava chocada, não conseguia olhar pro animalzinho ensangüentado na grama e nem pra Victoria. Estava com medo daquela menina. Ela era igual a mãe, um demônio.

-Olha! Nunca tinha visto a cor do meu próprio sangue.

Victoria estendeu a mão cheia de sangue pra ela, exibindo uma mordida que o cão tinha lhe dado, e para um filhote ele mordeu bem forte, era uma ferida funda. Mas Yuna não quis ver, seus olhos começaram a verter lagrimas sem parar quando olhou Victoria nos olhos, ela estava animada, feliz com aquilo. Era assustador, desumano.

-Você é um monstro!

O tapa acertou o rosto de Victoria fazendo um barulho alto, o sorriso da garota se desfez na hora, por alguns segundos ela também pareceu querer chorar, mas essa expressão durou uns três segundos no máximo.
Voltou a encarar Yuna, mas agora seus olhos estavam frios e cheios de ódio. Um ódio que seria impossível pra uma menina de treze anos ter.
Yuna recuou quando a viu pegar aquela pequena faca de novo, o próprio ambiente se tornou gelado, tudo ficou em silencio, o único som foi a voz sem sentimentos de Victoria.

-Então você também não quer ser minha amiga. – Ela caminhou pra Yuna, que não conseguia reagir. O que estava acontecendo ali? O que era aquela menina? – Você é igual aos outros.

Foram as ultimas palavras, tão profundas quanto a facada que acertou a garota de cabelos castanhos claros.

Alguns dias depois Yuna ainda estava chorando em seu quarto, com aquele curativo no braço. Se ela não tivesse conseguido se mover até o fim, a faca teria lhe atingido a garganta. Se um empregado não tivesse chegado a tempo, ela teria levado uma segunda facada. Luise soube o que houve e decidiu não adiar mais aquela conversa com a filha, entrou no quarto dela e trancou a porta, era um costume seu para que ninguém viesse a interromper. Foi sentar-se do lado da filha que estava deitada na cama chorando como nos últimos dias.
Luise calmamente ergueu o rosto de Yuna para si e falou num tom carinhoso e sereno, exibindo aquele seu sorriso acolhedor.

-Sabe Yuna, Victoria é diferente das outras pessoas. É solitária e não tem noção dos seus atos. Odia-la não vai mudar nada, você só vai ser mais uma a fazê-lo. Certas pessoas vivem presas na escuridão e não sabem sair, é triste. Elas não sabem o que é carinho ou amor, mas desprezá-las fazem de nós as verdadeiras pessoas ruins. Ao invés disso, por que não tentar ensinar o significado dessas coisas boas para elas? Nós podemos ser essa luz no meio da escuridão delas.

Yuna parou de soluçar e ficou a olhar para a mãe em silencio, Luise piscou pra ela e acariciou seu rosto por um tempo, saindo do quarto logo em seguida pra deixá-la refletir sobre aquilo.

“-O que você disse?! Você sabe como Yuna é!
Mesmo depois de uma facada no braço você não liga em deixar ela perto das duas? Você não conseguiu mudar Anita, Luise! Yuna não vai conseguir mudar Victoria!
Nós não nos envolvemos nos assuntos da Black Rose lembra? Só damos suporte financeiro. Então as deixe com os assuntos delas e mantenha Yuna longe antes que uma daquelas duas acabe matando a menina!”


Era raro ouvir seu pai gritando, ainda mais com sua mãe e pelo telefone. Yuna sabia que ele odiava Anita Sullivan, mas aquilo era demais...
A garota ficou quieta pensando em Victoria, ela entendeu o que a mãe quis dizer. Já era noite quando ela decidiu o que iria fazer. Estava na cama deitada de lado, virada pra mãe e vice-versa. Yuna não estava chorando mais, estava com um sorriso leve e infantil no rosto.

-Mãe... – disse tímida.

-Oi.

-Eu queria voltar lá amanhã, posso?

-Yuna... – Luise não queria dizer não, mas depois daquela discussão ela precisava. Porem Yuna a
surpreendeu.

-Eu pensei no que você disse, e quero ajudar Victoria a achar essa luz. Eu não vou contar pro papai...

Luise não sabia que a filha tinha ouvido aquilo, se sentiu envergonhada, mas aquilo passou rápido. As palavras da menina a tocaram e a fizeram sentir-se orgulhosa.Queria ter esperança que a filha tivesse sucesso onde ela falhou e aquele sorriso da menina, sua determinação a fizeram acreditar.

-Tudo bem, mas vai ser segredo ok? – Sorriu também.

No dia seguinte lá estava ela de novo, dessa vez não levou nada, foi procurar Victoria sozinha. E a achou nas margens de um lago, sozinha com suas bonecas, ela conversava com os brinquedos como se fosse gente. Yuna tinha entendido a solidão de Victoria, ela devia ficar ali o dia todo com os pés na água, sem ter contato algum com outras pessoas a não ser Anita, que não devia ser das melhores mães.
Aquela menina já carregava a reputação da mãe, era temida. Mas diferente da mãe, ao invés de respeito e bajuladores ela ganhava era exílio. Talvez a própria Anita a isolasse de todo mundo.
Yuna respirou fundo, olhando pro curativo no braço e decidiu lutar contra sua timidez um pouco. Aproximou-se da garota com autoconfiança e sentou próxima a ela, tirando os sapatos e enterrando os pés na água.

-O que você esta fazendo aqui? – Victoria a encarou com um pouco de raiva no olhar.

-Eu te perdoei. – Mas Yuna não olhou pra ela, demonstrava um ar de superioridade que não agradou muito Victoria.

-Eu mando em você, sou sua superior. Não preciso do seu perdão, idiota.

Yuna não respondeu, continuou a brincar com os pés na água. Então Victoria continuou falando tentando irrita-la.

-Anita disse que vocês da família Kayoshi são os mais idiotas na Black Rose. São contra algumas tradições desumanas, mas as cumprem mesmo assim, são fracos. Disse que se eu matasse você não faria diferença, ela só teria que arrumar outra filha pra sua mãe.

-Diz isso porque vocês são péssimas lideres. – Retrucou Yuna- Matar os próprios subordinados que são leais fazem de vocês, os Sullivan, os mais idiotas.

Victoria pulou no pescoço de Yuna, jogando-se com ela no lago, caíram numa parte rasa e a morena ficou agarrada no pescoço da outra menina que se segurou nas pernas dela pra não deixar a cabeça afundar na água.

-Quer morrer afogada é? Anita não liga quando eu afogo os filhos dos empregados que me irritam, não ligaria se eu te afogasse também. E por que esta segurando minhas pernas?

Yuna começou a se apavorar de novo, não conseguiria se defender caso Victoria tentasse mesmo a afogar, mas lembrou-se das palavras da mãe e tornou a respirar fundo, e deu um belo sorriso para Victoria. Foi ela quem se assustou agora. Ninguém nunca sorria naquela situação.

-Você é boba... Só fala de matar, matar e matar. Vou te mostrar algo mais divertido que isso. - Yuna jogou água no rosto dela, rindo amigavelmente como provocação. – Eu não tenho medo de você, Vic!

Victoria nem se moveu, ficou a encará-la com a água escorrendo pelo rosto. Arqueou a sobrancelha, e a raiva que estava em seu olhar era infantil agora.

-Do que você me chamou? – Ela empurrou Yuna na água, a molhando por inteira.

-Vic! Fica mais bonito. – A menina riu e se levantou chutando água na outra, que contra atacava da mesma forma a xingando.

Elas passaram a tarde toda brincando e rindo naquele lago como meninas normais. Crianças normais.
No fim da tarde ambas estavam cansadas e sentadas nas beiras do lago aproveitando a sensação refrescante da água em seus corpos e o cheiro agradável de terra molhada.

-Quero que você volte aqui amanha. – Victoria quebrou o silencio.

-Tá, mas em breve eu vou voltar pra América pra estudar.

-Vou falar pra Anita te proibir.

-Mas eu tenho que ir, boba. – Yuna prendeu o cabelo molhado, com um enfeite que a mãe tinha lhe dado.

-Você é minha, não pode ir.

-Eu não sou um brinquedo, Vic. Mas prometo pedir pra minha mãe me trazer aqui todas férias pra te visitar. Até lá a gente troca e-mails.

-Não tenho e-mail.

-Você cria um, eu te passo o meu agora. – Yuna escreveu o e-mail num pedaço de madeira fino, o riscando com uma pedra e o passando pra Victoria.

-Você é estranha mesmo. – Yuna riu das palavras de Vic, que continuou – Yuna... Você é minha amiga agora?

-Uhum..- Ela continuou rindo baixinho.

-Hmm... – Victoria ficou em silencio, as duas não se olharam desde o inicio daquele dialogo. Estavam olhando pra paisagem que estava alem daquele lago, o por do sol. A garota de longos cabelos negros abriu a boca devagar, deixando as palavras saírem baixas - Deixa seu cabelo sempre preso assim. Fica bonito.

-Você acha? – Yuna sorriu pra ela feliz com o que ouvira.

-É uma ordem.

-Tá bem. – Ela riu, quem diria que ela ia gostar daquela menina estranha...

Alguns dias depois Yuna voltou mesmo pra America, Sleepy Hill, e anos se passaram. Ela e Vic sempre se falavam e ia visitar uma a outra nas férias com freqüência. Yuna já nãe era mais uma criança, tinha quinze anos de idade, se tornou uma bela moça. Seus cabelos ondulados castanhos estavam ainda mais claros e seus olhos e sorriso se pareciam cada vez mais com os de Luise, seu corpo tinha se desenvolvido bastante também, o suficiente pra ela se contentar.
Porem ela estava ficando com sinais de olheiras, não era raro ouvir Luise entrar no quarto da garota de madrugada para manda-la sair da internet e ir dormir. Porem ela se acostumou com aquele mau habito da filha, sabia o quanto Yuna gostava de Victoria e aquela era a hora em que elas podiam conversar em paz. Luise se preocupava com Yuna mas entendia seus motivos, já que a garota não tinha muitos amigos. A única coisa que podia cobrar era que ela descansasse um pouco a tarde.

-Ela já esta se comunicando bem com as pessoas! Está ate indo passear de noite. – Yuna estava feliz com aquele progresso de Vic.

-Victoria é muito nova pra isso. – Comentou Luise preocupada – Mesmo sendo filha de Anita, ela só tem dezesseis.

-Nós vamos pra Londres nas férias né? – Perguntou Yuna esperançosa.

-Sim, eu tenho que me encontrar com o pessoal de lá. Fiquei sabendo que Anita nomeou um jovem da sua idade como líder de uma das famílias da Black Rose. Ela deve ter enlouquecido, só pode...

Nas férias elas pegaram o vôo pra Londres, aquela cidade era mais sombria que a própria Sleepy Hill as vezes, principalmente por perto da mansão da família Sullivan. Nem Victoria e nem Anita estavam lá quando elas chegaram, então Luise foi procurar Anita naquele antigo casarão, Yuna foi junto, mas ficou esperando do lado de fora. Não gostava de entrar lá.
Estava distraída observando as estrelas em silencio e apoiada em uma cerca perto dali, sujando um pouco seu vestido claro, sentiu algo a tocar.
Eram mãos, que a envolveram por trás, como se seu coração já não tivesse acelerado o suficiente na hora, ela sentiu alguém debruçar-se em seus ombros. Repousar o rosto nele. Um rosto delicado e alvo que ela conhecia muito bem.

-Fofinha... – Victoria soltou um risinho, adorava constranger Yuna.

-Vic, não me abraça assim... – Ela corou e se enrolou toda. – Já disse que é esquisito.

-Você é medrosa. – Vic a soltou e segurou apenas em sua mão – Vêm, a noite só começou. Quero te mostrar umas coisas.

Ela não teve escolha, nem pode avisar Luise.
Yuna sem duvida tinha crescido em todas formas, mas Victoria a fazia sentir-se pequena. Ela era bem mais linda que as garotas do colégio que tiravam sarro de Yuna, seus cabelos negros eram mais escuros que a noite, seus olhos verdes eram bem mais bonitos que esmeraldas agora e seu corpo tinha uma beleza natural avassaladora. Porem ela se vestia de um jeito nada discreto, continuava com seu estilo Gothic Lolita da infância. Aquilo a deixava ainda mais marcante por onde quer que passasse.
Mentalmente Vic desenvolveu um jeitinho manipulador perigoso, ela conseguia tudo que queria das pessoas e agora mais ativa e animada ela estava muito mais parecida com Anita. Yuna não gostava dessa parte.
Mais tarde estavam sentadas numa praça deserta da cidade, Victoria estava observando uma gargantilha de couro preta que Yuna tinha lhe dado.

-Presente pra mim?

-Uhum. – Disse Yuna a olhando, ficando com o rosto apoiado na mão. – É pra usar no pescoço. Tem uma menina que eu gosto na escola que usa. Achei que combina com você.

A atmosfera ficou pesada quando Victoria jogou a gargantilha pra longe e encarou Yuna com aquele mesmo olhar de ódio de quando eram pequenas. Por um instante aquilo pareceu a mesma presença da própria Anita Sullivan.

-Já disse que você é minha Yuna. Se gostar mais de outra eu mato as duas.

Yuna cerrou os punhos, abaixando a cabeça, forçando-os contra as coxas. Alguns pingos de chuva caíram sobre eles. A voz dela saiu abafada, reprimida, chorosa, ela tinha medo daquilo.

-Eu não sou uma das suas bonecas, Victoria. Será que você não entende?

-Por que você gosta de outra alem de mim?

-Porque eu tenho sentimentos, droga! – Yuna não agüentou, a chuva começou a cair junto com suas lagrimas. Estava com raiva, virou-se pra morena aos berros e soluçando – Você não é a única que merece ser feliz nesse mundo sabia? – Era horrível ter medo e ser ameaçada daquela forma por aquela garota. Soava como se ela não significasse nada pra Victoria, como se não passasse mesmo de uma boneca. – Como você me fala uma coisa dessas depois de tudo que a gente passou hein?

-Sou possessiva, não quero te dividir com ninguém. – O olhar de Vic ainda era intenso, pareceu não ligar pra alteração de Yuna – E pára de chorar, isso me irrita.

-Esse é seu problema! Você nunca chora! Se continuar egoísta e insensível assim nunca vai conseguir ser feliz Victoria! – Não conseguiu mais encarar a morena, se levantou e saiu no meio da chuva esfregando os olhos e falando alto algumas ultimas palavras – Tenta dizer “Eu não gosto de te ver chorar” na próxima!

Victoria ficou em silencio vendo ela se afastar, não ligava pra chuva forte que estava a molhando por inteiro. Virou-se praquela gargantilha no chão da praça, Anita nunca tinha lhe explicado sobre aquilo. Por que seu peito doía assim? Por que ela não podia ter Yuna também, afinal, sempre teve tudo que queria... Não gostava daquilo.

Yuna tinha ido se sentar embaixo de uma estatua pra continuar chorando sem tomar chuva e ter que olhar pros olhos de Victoria.
No fim ela não estava ajudando Vic, ela estava ficando cada vez mais parecida com Anita e Yuna não estava conseguindo evitar, não estava conseguindo ser aquela luz de que Luise falava. Estava confusa, se sentia fraca por não conseguir parar de chorar tão desesperadamente. Se sentia ridícula, inútil.

-Yuna... – Era a voz de Vic, ela tinha vindo atrás de Yuna, que a evitou escondendo o rosto.

-Não quero mais discutir tá?

-O que eu preciso fazer pra ser feliz? – Aquela pergunta surpreendeu a garota. – Quero que você me ensine...

Yuna virou-se pra ela devagar, não acreditando naquilo. Viu a gargantilha no pescoço da garota e viu certa fragilidade no olhar dela, por alguns momentos aquele olhar terrível parecia o de uma criança indefesa e assustada.
Uma Sullivan tinha dado o braço a torcer?
As lagrimas lhe escorreram ainda mais pelo rosto junto com a chuva quando se levantou e se aproximou mais de Vic.

-Sorria sua boba! – Ficou cara-a-cara com ela, esboçando um sorriso gentil – Sorria e continue sorrindo. Como uma idiota... Aconteça o que acontecer.

-Parece fácil.

-Por que você não tenta então? – Voltou a esfregar os olhos.

Victoria sorriu, e Yuna riu quando olhou para aquilo, o sorriso dela tinha um ar sedutor demais. Era igual ao sorriso de Anita, mas dessa vez não soou tão parecido.

-O que foi? – Vic não gostou do riso.

-Seu sorriso é estranho, tem um jeito “maroto”. Você é sexy demais pra isso. – Riu de novo.

-Então o que eu vou fazer?

-Pense em algo.

-Hm... Tem algo que eu vi na internet. As pessoas pareciam felizes fazendo.

-Então tente oras. – Yuna estava rindo bastante daquilo.

Era muito boba as vezes, mas as risadas pararam quando Victoria a segurou pelo rosto e roubou seus lábios de uma forma repentina. Yuna tentou pronunciar o nome dela, mas não conseguiu. Não reagiu, apenas deixou acontecer. Naquela chuva era até uma boa sensação sentir os lábios quentes da garota, mas ao mesmo tempo parecia tão errado...
Depois que Victoria se afastou Yuna ficou calada, pousou as mãos nos próprios lábios.

-Que foi? – perguntou Vic indiferente.

-É que isso... – Não sabia por que aquela sensação estranha. Elas eram meninas, não deviam fazer esse tipo de coisa. Yuna não conseguia se acostumar com a idéia.

-Não é bom?

-Sim, é... Mas eu... Nunca...

-Eu gostei, vamos fazer de novo?

-Que? Você fez isso por fazer? – ela ficou horrorizadamente frustrada com Victoria. Será que ela tinha feito isso com outras pessoas antes? Não teve nada de especial? Victoria riu, Yuna estava engraçada com aquela cara de decepção.

-Yuna seu vestido tá transparente e eu estou vendo seus peitos. São bonitos.

Ela quase engasgou com aquela frase e tentou cobrir as partes molhadas do vestido branco que mostrassem algo, ficou vermelha demais e fez um beiço engraçado que não podia ser proposital.

-Vic, você não presta mesmo!

-Acho que sou feliz assim. – retrucou ela rindo de Yuna.

-Porque eu ainda me importo? – disse a outra emburrada e envergonhada.

Depois daquilo mais alguns anos se passaram, Vic ia fazer dezoito em breve. Estava em casa, seu jeito de se vestir agora era bem mais discreto e ela mais extrovertida, atirada. Fora isso nada mudou muito, só a aparência mais “madura”. Estava jantando na mansão de Londres, observando as facas limpas na mesa. Eram sempre afiadas, estava sem fome no dia. Ouviu Anita se aproximar, reconhecia aquele perfume de longe.

-Ficou sabendo Victoria? – Anita estava sorrindo e dando algumas goladas numa taça de um champagne caro. – Sua prima Yuna morreu num tipo de ritual agora a pouco. Dizem ser característico do nosso “clã” e suspeitam de nós duas.

-Você nem vai tentar descobrir quem fez isso Anita? – Ela falou séria olhando pra mesa.

-Mesmo a pobrezinha da Yuna sendo uma criança da Black Rose, ela estava influenciando você demais. E isso não me agradava muito, então não tem importância. – Ela parecia se divertir em dar tal noticia, Vic sabia que aquela mulher fazia questão de ser a primeira a contá-la. – Depois Luise adota outra criança e fica tudo certo.

No fim Vic não conseguiu ter Yuna mesmo. Ela gostava de outra, e agora que ela se foi não havia mais esperança. Ela estava sozinha de novo. Sentiu suas mãos tremerem por um curto tempo, a taça de Anita estalou e trincou. Victoria pegou uma das facas que estavam na mesa e se levantou, empunhando-a contra a mãe, ela sabia que tinha sido Anita. Era ela a grande maldição na sua vida, o fator que não a deixava ser feliz, que não a deixava ser livre, que fez da vida dela aquele verdadeiro inferno. Que a transformou no monstro que era.
Sabia que tudo aquilo era culpa daquela mulher.

-Oh! Ficou com raiva? – Anita ergueu uma sobrancelha, rindo – Quer me matar com essa faca é? Assim você parte meu coração Victoria. – Bebeu mais um pouco do champagne pouco ligando pra filha, até deu alguns passos na direção dela – Viu que tipo de sentimento essa menina te trouxe? Não seja ingrata comigo.

-A faca não é pra você Anita. É pra mim.

Vic deslizou com as mãos pelos cabelos, ainda segurando a faca, e os prendeu usando os dedos mesmo, levando a faca de encontro a eles.

-Você é má, Anita. É do pior tipo de pessoa que existe, eu até tenho orgulho de ser sua filha, mas... – forçou e movimentou a lamina contra um ponto acima de seus dedos, no cabelo, os cortando na altura do pescoço e deixando as outras mechas longas caírem aos seus pés. Vic sabia que a mãe gostava daquele seu penteado, fez isso apenas pra irritá-la, num gesto de rebeldia. Encarou Anita com um sorriso idêntico ao dela no rosto – Eu sou bem pior que você. E a partir de hoje eu não vou ser mais seu bichinho, vou jogar seu jogo e te derrotar nele.

Anita sorriu satisfeita com aquela reação da filha, Vic tinha percebido o quanto ela era presa à sombra de Anita, o quanto essa mulher a controlava.
Então se ela era tão parecida com Anita assim, iria usar seu gênio quer herdou dela para ser livre, independente dela. Nem que precisasse destruir Anita Sullivan pra isso.

-Você adora dramatizar né fofa? – Anita riu arrogantemente – Mas pelo menos agora você falou igual a uma verdadeira Sullivan. – Anita deixou a taça na mesa, assim como Victoria deixou a faca – Se você quer pelo modo difícil, ok. Faz parte do papel de uma mãe brincar com as filhas de vez em quando.

As duas ficaram a se encarar, a tensão naquele lugar aumentou a ponto de poder fazer o homem mais poderoso se curvar perante o olhar daquelas duas mulheres. Era semelhante ao ultimo fôlego antes do choque de dois grandes exércitos numa guerra.

-É Anita, isso vai ser divertido. – Parecia que elas iam matar uma a outra a qualquer segundo. Ambas sorriram e Anita deu a língua pra Vic de uma forma infantil pra uma mulher da altura dela. Saíram do cômodo na mesma hora, por caminhos diferentes.

Alguns dias depois Anita se reuniu com Ayako Kaori, seu “braço direito” na Black Rose. Ayako com certeza era a “serva” mais leal daquela mulher, a líder do quarto clã da Black Rose, os Kaori.
Ayako tinha uma aparência agressiva, porem bela. Seus cabelos eram curtos tingidos de um vermelho vivo escuro, eram um tanto rebeldes, seus olhos eram de um cinza claro, frios e estranhos acentuavam o ar perigoso dela.
Mas o marcante eram as tatuagens, Ayako tinha um pequeno dragão-tribal negro abaixo do olho direito, e duas cobras se estendendo por cada braço dela, uma era negra e se enrolava pelo esquerdo e a outra atacava um rato no direito.
Usava luvas que cobriam as mãos por inteiras, calças justas e negras que facilitavam a movimentação e um tipo de blusa regata,preta,oriental.
Ela veio informar Anita sobre Victoria, disse que ela tinha “fugido” pra America, Sleepy Hill. E que tinha roubado um carro e “aquele livro” na mansão da Califórnia. Anita prestou atenção nas palavras dela em silencio, bebendo vinho.

-Podemos bloquear as contas bancárias que ela tem acesso e colocar a policia atrás dela se quiser, Anita.- Opinou a mulher.

-Bobinha... Não quero minha filha presa e nem passando fome por ai, ela precisa de dinheiro.

-Mas você nem pretende pará-la? Ela claramente te desafiou!

-Está questionando minhas decisões Ayako? – Anita a encarou.

-C-claro que não! – Ayako mirou o chão, evitando aquele olhar – Só acho que como é sua filha, ela pode nos causar problemas.

-Ela ainda não conseguiria fazer nada pra ameaçar a Black Rose sozinha. E você esqueceu quem lidera a nossa “humilde” família? – ela sorriu – Sou eu, Ayako. Anita Sullivan. É contra mim que Victoria se voltou, você acha que ela teria chance?

-De forma alguma.

-Então relaxe, linda. Confie em mim como você sempre fez. –
ela se aproximou de Ayako e ergueu o queixo da mulher, a olhando nos olhos de forma intensa – Victoria é uma criança ainda, não sabe o que faz. – ela soltou um riso divertido e terminou a taça de vinho – Eu sempre vou estar na frente dela.

Durante essa mesma cena, Victoria estava bem longe dali usando o seu PC e dando seus passos. Tinha pegado algum dinheiro da conta de Anita e alguns cartões, alugou um quarto nas proximidades da cidade em que Yuna morreu. Porem tinha um plano antes de entrar lá pra descobrir algo.
Elisha Sayonomi, a menina que Yuna gostava, já a conhecia há alguns meses. Não resistira a curiosidade que tinha pra saber como ela era.
Vic tinha aprendido bastante sobre tipos de pessoas e como manipulá-las, Elisha era do tipo rebelde anti-social, estava confiante que se ela jogasse um pouco do seu veneno a teria nas mãos e descobriria o que quisesse dela. Pessoas solitárias se apaixonam fácil, isso podia ser perigoso pra ambas, mas bem menos pra Victoria.
Ela não sabia o que Anita iria fazer quando soubesse do seu paradeiro, mas tinha uma idéia do que seria. Mas precisava de alguém que ficasse fixa na cidade investigando, alguém que conhecesse bem o terreno.
Sabia o que fazer e a quem procurar, tudo que ela precisava era justamente daquela mensagem dizendo “Vem pra cá e tenta...”, Victoria sorriu, estava seminua e indo pro banho quando leu aquilo. Tudo aconteceu do jeito que ela queria, tinha até adorado seu novo estilo de cabelo curto.

-Espero que você não se importe se eu pegar sua namorada emprestada pra meu uso próprio um pouco Yuna. – ela respondeu a mensagem dizendo que talvez fosse aceitar o “convite” e que ia pro banho – Isso vai ser muito mais divertido do que eu pensei. Não é mesmo, Elisha-chan?

Não era de falar sozinha, mas sair do tédio daquela sua vida sob as asas de Anita e o próprio fato de estar contra ela deixava Victoria excitada demais. Sua satisfação foi tanta que até um riso deixou escapar, se despiu ali na frente do monitor mesmo e foi pra banheira.
Sua diversão finalmente ia começar.

6 comentários:

  1. Mais um cap. sobre a Yuna. Adorei esse, foi ótimo pra dar uma olhada na Victoria. Disseram que a Yuna teve pouco destaque ao longo da história, deve ser pq ela apareceu pouco mesmo.
    Como eu disse, eu nunca entendi a cabeça de pessoas como ela, mesmo querendo.

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  2. Se você não fosse tão 'fechado' e tão entregue ao 'vazio' e a 'escuridão', entenderia e enxergaria a sua respectiva 'luz'. =]

    Well... A descrição do ritual está perfeita, adorei, consegui imaginar tudo, só o guria que não combinou muito, mas tá blz.

    Fiquei passada com a parte do cachorro, que crueldade com a Yuna e com o bichinho. =(
    Que obsessão com a Yuna da parte de Victoria, o amor não é egoísta, ela era muito 'mimada' (?) \hum

    Medo da Anita. O_O'

    Decepção com a Victoria no final desse capítulo, ela só quer usar a Elisha. FUUUU!!!! ò_Ó

    D.

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  3. Boom como eu já tinha dito, eu gosto um pouco desse lado vilão da história, acho que vc tem que passar a enxergar por diversos pontos pra compreender, se tentaar por um min "entender" Victoria, ela num é tãao ma assim. E sim existem pessoas que quando amam são possessivas e egoístas. O que se pode fazer com isso ? acho que tentar assim como Vic feez quando a Yuna deu a gargantiha.

    Beem não que seja algo gritante e desagradavel esse fato das personagens sitarem "guria" só que é um termo bem abrasileirado né. ( pelo menos até onde eu sei, kkkk')E como essa os lugares do texto sãao Londres e América, creio eu que a do norte né. até pelo nome.:D
    Só me esqueci se é no Canadá ou nos EUA .. (me desculpa ?)
    Boom ée mais ou menos isso.
    Ahh siim eu gostei bastante, Anita sim representa aquelas bruxas que estavamos acustumados. Não me desepcionei com Victória ;D

    Rowan

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  4. De fato tem diferenças por região e nunca alguém de Londres usaria o "guria".
    Mas eu fiz elas usarem essa palavra pra dar um ar mais natural pra linguagem que usam.
    Porque venhamos e convenhamos, se eu fosse deixar as falas dignas de londres e usar "Girl" ou afins, seria melhor escrever tudo em inglês de uma vez. -q
    Como nós falamos portugues o texto tem que ser em portugues com termos em portugues, mas é como se elas estivessem falando o inglês ali. ;p

    Jr.

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  5. Wolverine é americano, usa guria na tradução dos gibis e ninguém reclama. kkk

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