sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Capítulo 7 – Sleepy Hill

“Mais uma vez a princesinha abandonou seu palácio, dessa vez levando consigo aquela felina cor-de-rosa e seu mais leal escudeiro. Juntos eles viajaram por um tempo a bordo daquela ave mágica de metal. Para um outro vilarejo sombrio chamado Sleepy Hill. A princesa sabia que algo a aguardava naquele pequeno vilarejo amaldiçoado.

Mas no momento ela estava sendo atacada pela TPM, tinha chorado por muito tempo por sentir falta de algo que ela não sabia o que era. Puro drama idiota de uma típica patricinha mimada. Nada é tão perfeito afinal...
Não crê? Princesas encantadas também tem TPM.”

O vento cortava a noite como uma faca afiada poderia cortar um papel de um jeito ridiculamente fácil. O mero contato com a pele fazia o ar “queimá-la” por causa de tanto frio. E o tempo deveria estar esquentando. As bizarrices começavam por ai.
Brigith levou Josh consigo dessa vez, como tinha pensado em fazer antes. E até agora ele estava sendo ótimo na função de carregar malas. Sadako obviamente foi junto com eles, com certeza aquele era o trio mais incomum no aeroporto da capital canadense naquele dia. Haviam conversado bem pouco, Josh parecia mais feliz que o normal nos últimos meses e estava mais carinhoso com Brigith também. Algo que a morena achou um tanto estranho, mas não reclamou. Só gostava de dizer coisas como:

“Aprendendo a parar de se reprimir e bancar o sarcástico um pouco? Isso é bom pra você.”

E bom para ela também, não podia negar que estava odiando ficar sozinha. Mesmo que por pouco tempo isso era insuportável demais. Começava a sentir um desespero horrível corroendo-lhe o peito, saudades de Ophelia, vontade de chorar (Que era algo que ela não conseguia conter) Josh era ótimo pra fazer ela se sentir dona de algo. Sabia que ele sempre estaria ali, não importava o que ela fizesse. E Sadako era boa na parte que cabia à Ophelia.
Servir de algo pra apertar e dormir junto.
Um fato bem bizarro também que envolvia Sadako, ela era uma garota passiva demais e até carinhosa. Às vezes parecia um gato pedindo por atenção. Não era raro que ela abraçasse Brigith sem mais nem menos e é claro, ela não rejeitaria uma garotinha tão meiga. Já Josh parecia ter medo da pequena. Nada surpreendente.
Ela era uma Kaori afinal. Uma fusão de artes mortais japonesas com chinesas. Pra qualquer fã de mangás imaginar isso daria medo realmente.

A viagem para aquela cidadezinha foi mais cansativa que o previsto. E o que exatamente ela iria fazer lá? Por que Sadako queria que Brigith fosse pro Canadá?
O aeroporto ainda estava em construção em Sleepy Hill. Uma cidade em desenvolvimento, com um nome bizarro e milhares de outras coisas bizarras ao seu redor. Ela ficava dentro de florestas fechadas, Bri não quis ficar olhando pela janela do taxi. Havia algo naquela floresta que dava medo. A placa dizendo “Bem vindos à Sleepy Hill”, os subúrbios silenciosos e os prédios na área central da cidade. Tudo lá parecia tão gótico que Brigith disse um “Bem vindo à terra do Tim Burton.” para Josh. A cidade era escura também, as casas e cores eram. Nos subúrbios não havia ninguém na rua, nenhuma alma viva ao menos.

- Que tal me dizer por que estamos aqui Sadako? – Tentativa inútil da morena.

A garotinha digitou algo no próprio celular, que os dois nem deram conta de que ela tinha, e mostrou a telinha que exibia “Um moço vai vir explicar melhor.”, depois disso Brigith desistiu. Acharam uma hospedagem ali nos subúrbios mesmo e decidiram ficar por lá.
Depois de um pagamento gordo para o taxista o trio saiu do carro, Josh chegou a notar algumas pessoas em casas ali por perto olhando por frestas mínimas nas janelas. Isso deixou o rapaz um tanto inseguro, curiosidade era uma coisa. Paranóia outra.

- Acho que estamos num cenário de jogo de terror.

- Você nem viu a fazenda da Espanha. Aqui ao menos deve ter internet. – A morena puxou Josh pelo braço, entrando na pousada. Sadako os seguiu, silenciosa. Ela já esteve naquela cidade antes. E gostava bastante do lugar.

Quem estava do outro lado da recepção era um sujeitinho afeminado, com algum peso extra na barriga e olhos claros, cabelos crespos escuros. A primeira impressão que eles tiveram foi “Até que é simpático aqui.”
Bri fez questão de se apoiar no balcão e começar a fazer perguntas sobre os quartos. Qualidade, banheiro, lençóis e até café da manhã... Não que isso fizesse alguma diferença pra uma patricinha que poderia nadar em pilhas de dólares, mas Josh ao menos sabia o quanto a morena gostava de complicar essas coisas que pareciam “Duvidosas”.
Depois de um tempo eles já estavam no ultimo andar do pequeno prédio abrindo a porta do quarto de número quatrocentos e cinco.

- Ele é gay, com certeza. Mas acho que se eu desse em cima conseguiria algo fácil.

- Não quero nem descobrir... Você podia parar de fazer coleções de homens.

- Mas eu não faço coleção de homens. Minha coleção é mista. – A morena riu, finalmente conseguindo abrir a porta. Ela largou a chave ali e foi ver o lugar.

Uma cama grande casal e uma de solteiro, uma janela que dava direto pra rua, lençóis extremamente brancos e cobertores de um azul claro, travesseiros grandes, ar condicionado e um pequeno frigobar que ficava embaixo de uma mesa de pedra que seria para o preparo de alimentos. Pra Brigith estava bem precário, mas servia. Era confortável. Mais que a fazenda dos pais de Elisa ao menos... O que será que tinha acontecido com aquela loirinha?

- Só não fique agarrando a cor de rosa enquanto eu estiver aproveitando a solidão na minha cama. – Josh disse sarcasticamente, deduzindo que elas iam ficar na cama maior juntas.

O garoto notou que a chave tinha sumido da porta assim que ele se livrou das malas e a fechou. Chegou a abri-la novamente pra olhar do lado de fora, porém o barulho de chaves chacoalhando o fez olhar pra trás. E lá estavam elas, nos dedos de Sadako que ficou a balançar o chaveiro pra ele lentamente. Seria horrível dormir perto dela.

- Que tal brincarmos de papai e mamãe?

- Quê? – Obviamente ele pensou no tipo “divertido” dessa brincadeira.

- Dormimos todos juntos. Eu sou a mamãe, Sadako a nossa filha e você o pai. Daí ela dorme no meio. – Aquilo era besta, Josh torceu o nariz pra ela – Ou você pode ser a mamãe sem senso de humor se quiser. Eu providencio a operação de mudança de sexo.

- Portanto que a boneca assassina ai não tente me sufocar com o travesseiro...

Embora Josh tivesse gostado da idéia, Sadako era estranha demais pra ele conseguir dormir com ela tranquilamente. O olhar irritado que ela lhe lançou depois que ele disse ‘boneca assassina’ só piorou as coisas.

- Vou tomar um banho. Você vem Sadako?

Sem hesito a menina correu para o banheiro e Brigith foi atrás, trancando a porta. Josh só conseguiu sentar na cama de casal e ficar pensando em coisas obscenas. Ele trocaria Sadako por Matilda com certeza se fosse brincadeiras no banho o cenário visitado pela sua imaginação. Mesmo porque a garota dos cabelos coloridos tinha um corpo esguio e pequeno demais. Josh preferia corpos curvilíneos, iguais o de Brigith. Na cabeça dele o de Brigith era o melhor, mesmo que ele já estivesse acostumado a vê-la sempre.

Quarenta minutos depois e lá estavam eles, deitados. Sadako no meio de Josh e Brigith.
O garoto já tinha dormido assim com a morena em situações bem melhores e por algum motivo ele achava que tinha que ser mais carinhoso com ela. Coisas que aquele beijo no ano novo causaram... Estaria ele alimentando ilusões de que houvesse uma parte em Brigith que fosse apaixonada por ele também? No momento não importava, não conseguia dormir nem com todo seu esforço. Sadako estava olhando pra ele fixamente. Escondida nos braços de Brigith, mas ainda assim ele conseguia ver os olhos dela. Por cima das cobertas, entre os dois pulsos da garota. Aquilo seria engraçado, se não fosse tão assustador.
Josh tentou virar de costas. Mas sentiu o olhar da garotinha nas suas costas, e isso lhe causou um frio na espinha. Aquela praga não dormia?

- O que você quer?- Cochichou ele por cima do ombro. Olhando pra ela zangado.

Obviamente foi inútil, Sadako continuou com aquele olhar frio para ele. Até que finalmente ele desistiu e se levantou. Vestiu um casaco e saiu todo descabelado como estava, descendo para a recepção daquela pousada. A idéia era perguntar se ele poderia beber alguma coisa para o rapazinho esquisito que estava lá. Mas para a surpresa dele, não era a mesma pessoa que ele viu. No lugar do outro garoto estava um rapaz loiro de cabelos até os ombros, com cara de sono e roupas de frio. Josh poderia jurar que ele estava cochilando ali. Pensou em dar meia volta e ir pro quarto novamente, apenas pra não incomodar. Ainda eram três da manhã.

- Pode falar o que você quer. Eu to aqui trabalhando afinal. – A voz sonolenta veio do loiro, coisa que surpreendeu um pouco Josh. Que caminhou até ele lentamente.

- Não era nada demais. Só queria beber algo e me distrair um pouco. Digamos que tem uma criatura bizarra no meu quarto que me impede de dormir...

- Veio pro lugar errado se não queria encontrar criaturas bizarras parceiro. – O rapaz apanhou refrigerante no congelador atrás dele e serviu em dois copos – Fica tranqüilo. Como ninguém costuma fazer amizade por aqui eu deixo esse por conta da casa. To com sede mesmo.

- Valeu... – Josh sentou-se e pegou um dos copos, bebendo um pouco – Essa cidade é esquisita. Parece aquele vilarejo da lenda do cavaleiro sem cabeça, mais desenvolvido, claro.

- Pode apostar que sim. Tenho umas boas historias pra contar daqui. Você veio da onde?

- Finlândia.

- Até deu pra notar pela sua pronuncia esquisita, mas veio fazer o que aqui? É meio longe sabe.

- Estou acompanhando uma amiga. Ela veio procurar a família dela. – Até que o inglês dele estava ótimo agora. Pelo menos conseguia se comunicar com americanos normalmente.

- Amiga né... Qual seu nome mesmo?

- Josh Ylonen.

- Ryo Sada. – O loiro exibiu um sorriso amarelo pra ele – Nem estranhe os nomes que ouvir aqui. A maioria dos habitantes da cidade descende de japoneses. Esse lugar é como uma mistura de America e Japão. Chega a ser divertido... As meninas vestidas de colegial, sabe?

- Deve ser legal. – Josh gostava de animes, colegiais eram sempre alvo da sua imaginação – É bom trabalhar nesse lugar de madrugada?

- Se você não tiver passado no vestibular... É sim. – Ele riu baixo – Mas dá medo. Você vê muita coisa nessa porcaria de cidade de madrugada.

- Tipo o que?

- Ah cara... – Ele respirou fundo olhando pros lados, devia ter medo mesmo do que ia falar – Você vai achar que é mentira, mas na minha época de escola, um ano atrás mais ou menos, vários dos meus colegas morreram por acidentes estranhos. Inclusive num incêndio que teve num prédio por aqui, que ninguém sabe explicar como começou. Um dia desses, eu vi uma das meninas da minha sala que morreu perambulando pela rua... Isso acaba com a cabeça de qualquer um. Acredite se quiser...

- Eu acho que não duvidaria... – Claro que não. Ele conhecia Ophelia, que praticamente era uma criatura sobrenatural por si só.

- Deixando esse assunto de lado... Como a sua amiga é?

- Em que sentido? – Ele sabia em qual.

- É bonita? Namora?

- É muito bonita. E quase namora. – Bem que ele queria.

O assunto continuou por muito tempo. E os dois se deram bem apesar de Ryo ser aquele típico homem que vive apenas pra se reproduzir e morrer. Na verdade muitos homens são assim, mais do que se imagina. Até mesmo Josh. Ele pensou em um motivo pra ser diferente.
Só queria estar com Brigith, talvez fosse um motivo. Mas o que tinha de diferente? Queria estar com ela, ter uma vida de casal qualquer, nem que fosse anormal, viajar pra vários países com ela, fazer várias coisas juntos... Desde quando ele tinha ficado tão sonhador? Com certeza era aquele beijo na virada do ano. Aquilo tinha lhe dado esperanças que ele não deveria ter, sempre era nessa desculpa em que ele pensava.
Os dois rapazes se viram rindo de qualquer coisa, bêbados de sono.
Discutindo sonhos, paixões, comentando sobre corpos femininos. Que saudades ter um papo masculino causou na mente daquele garoto. Desde que sua amizade com Brigith começou ele não havia se misturado com nada além de mulheres. Ah claro, havia seus treinadores na família. Mas Aki geralmente só servia pra espancá-lo ensinando de uma maneira pratica certos golpes e o Personal Trainer, o tal Mikael, não parecia muito masculino.
E quando perceberam o dia já tinha chegado. Deviam ser quase oito da manhã quando os garotos viram Sadako parada da escada, olhando pra ambos com aquele pijama escuro e aquela expressão tão vazia.

- Ela é a prima da sua amiga? É fofa... Mas dá medo mesmo. – Cochichou Ryo.

Logo depois de Sadako, quem desceu foi Brigith, também de pijamas. E dessa vez o loiro ficou mudo. Josh não estranhou, até deu um sorrisinho se gabando por ser ele viajando com aquela beldade. Brigith perguntou o que o rapaz tinha enquanto coçava os olhos, foi então que Josh percebeu. Aquele estado estupefato dele não foi causado pela beleza de Brigith, tinha um espanto fora do comum naquele olhar. Josh cutucou o braço dele, mas o garoto levantou-se bruscamente e apontou pra Brigith, dizendo como se tivesse visto um fantasma:

- V-você! Elisha? Você não tinha... Morrido? Naquele prédio em chamas?

Josh foi quem ficou sem falar dessa vez, não entendeu porcaria nenhuma. Não conseguiu entender o motivo pelo qual Ryo estava confundindo Brigith com uma garota que já havia morrido lá naquela cidade. Mas Brigith era mais esperta.
Ah, sim! Claro que era. Aquela morena ligeira conseguiu captar imediatamente a situação, a tal Elisha só poderia ter sido a irmã gêmea dela. E aquele rapaz devia ser um amigo dela, era a única explicação para aquela alteração repentina. Ela foi rápida:

- Oh, você conheceu minha irmã?

- Irmã? Que palhaçada é essa!? A Elisha não tinha irmã! Eu estudei com ela desde moleque!

- De fato, nós não fomos criadas juntas. Mas se você era tão próximo dela deve notar algumas diferenças básicas. Como o sotaque, por exemplo, eu sou finlandesa. Ela era canadense.

Então Ryo se acalmou aos poucos, abaixando aquele dedo.

- Verdade... Você fala de um jeito muito diferente do dela. Ela era antissocial... Só falava se fosse pra mandar você morrer ou calar a boca.

Brigith riu. Era engraçado estar descobrindo coisas sobre a sua irmã enfim, não imaginava que ela fosse esse tipo de menina revoltada com o mundo. Pra ela, o mundo era ótimo. Era dela. Por que perder tempo o odiando?

- Eu vim pra cá justamente por isso. Não sabia onde ela estava, e agora recebi notícias de que ela está morta. Quero saber mais sobre, poderia me dizer o que sabe?

Ryo então cambaleou pra trás e tomou um copo d’água, terminando de se acalmar enquanto dava outra olhada pra Josh. Que acenou com a cabeça para ele, tentando encorajá-lo.

- Não sei muito dessa história. Mas conheço duas pessoas que poderiam te contar melhor. Quer telefones ou endereços?

- Sim, ficaria muito grata. – Brigith estava se divertindo ao vê-lo analisando ela de cima pra baixo, tinha certeza que aquela era a situação mais bizarra da vida daquele atendente.

- Um é amigo meu... Jin Kusanagi. Ele tá iniciando carreira na policia, acho que você consegue achar ele lá. Mas eu passo o telefone e o endereço dos pais dele. – Apanhou um papel e escreveu nele com pressa – Só um aviso. Ele gostava da sua irmã bem mais que eu, então o choque dele quando de te ver vai ser muito pior.

- E a segunda pessoa?

- Professora Emily Locke, do Dark River. Não sei como achar ela além desse colégio, mas se você souber onde sua irmã morava aqui é fácil achar. Fiquei sabendo que elas eram vizinhas, é só perguntar onde seria a casa dos Sayonomi. Claro, a casa já era também num acidente... Então a Emi-sensei tinha abrigado a Elisha depois disso.

- Emi-sensei? Vocês tem costumes japoneses aqui?

- Muitos. – Riu, desastrado. Ainda nervoso com a situação. – Falam que essa cidade é um pedaço do Japão na América, vai entender. Eu não sei nada sobre história. – Repetiu ele, como havia dito para Josh antes.

- Entendo. – Ela apanhou o papel e sorriu para o garoto, que ficou mais surpreso ainda – Pode nos servir o café então? Pretendo iniciar minha investigação o mais cedo possível.

- Claro moça! – Foi para a cozinha rapidamente, dizendo ainda num tom alto – Olha, se a Elisha visse você ela ia ter um treco. Eu mesmo nunca tinha imaginado ela tão elegante e “melhorada” antes de ver a senhorita. E simpática principalmente!

- O nome é Brigith. Brigith Velmont. – A morena riu divertidamente, ir pra lá foi mesmo uma idéia interessante no fim das contas. – E você não dormiu nada não é?

- Hmm... – Josh ficou sem responder essa.

- Você vai dormir. Eu vou ter que ver essas duas pessoas sozinhas, quero você com disposição à noite. – Ele pensou em coisas pervertidas de novo. Nem questionou.

O café foi tranqüilo e Brigith amável, como sempre fora naquela sua máscara tão convincente de menina popular. E Ryo estava boquiaberto com aquilo. A irmã da morena devia ter sido mesmo um diabo com aquelas pessoas, e ela mal podia esperar pra conhecer as pessoas mais próximas. Até pensou em se apresentar falando “Olá, sou a Elisha, lembra-se de mim?” com certeza ela obteria feições impagáveis na cara das pessoas. Seria maldade demais?
Seria ela a gêmea má ou a gêmea boa?

Mais tarde ela tomou um banho e colocou um moletom preto, com saias vermelhas de riscas negras. Perfumes, sua jóia no pescoço, maquiagem, tudo que ela tinha direito e da melhor forma que o dinheiro poderia lhe dar. Sobrou até para Sadako, que não reclamou mesmo quando Brigith maquiou ela igual à uma bonequinha de porcelana, passando o batom vermelho apenas no centro dos lábios delicados da garota. E quando elas desceram aqueles dois palermas ainda estavam lá conversando sobre atrizes canadenses. Mas pararam pra admirar as garotas, cessando o dialogo.

- Estamos indo. Estou adequada pra fazer visitas aos amigos da minha irmã?

- Acho bem obvia a diferença entre você e a Elisha agora. – Ryo estava impressionado ainda.

- E ela tá parecendo um Pokémon. – Esse comentário foi de Josh, que apontou pra Sadako um pouco antes de ele e seu novo amigo começarem a ter crises de riso. Mas bastou um olhar de Sadako pras risadas pararem.

Depois de consolar a pequena e dizer que ela podia dar um chute em Josh mais tarde, elas foram pra um ponto de taxi. Quem visitar primeiro?
Sua lógica dizia que era melhor começar com a professora, já que era dia de semana e provavelmente as aulas estariam no finzinho naquela hora da manhã. E assim foi, o destino era o tal colégio Dark River.
Ao chegar, Brigith passou pelos portões que pareciam aqueles de cemitério. Escuros, com lanças. Aquela cidade inteira devia ter sido projetada por um coveiro, não seria impressionante. Então só teve que pedir informações até chegar em um dos prédios da escola, no qual ela pôde achar a secretaria. E lá ela finalmente perguntou da professora “Emily Locke”.

- A Emily? Pode aguardar naquela sala? Eu vou chamar ela.

Que sorte não? Seu palpite estava certo. Só precisou esperar sentada naquela cadeira de frente com uma mesa revestida à vidro, Sadako ficou de pé atrás dela. Brigith estava se sentindo Anita Sullivan com aquela garota lhe acompanhando assim. Mesmo que não parecesse, ela sabia que Sadako estava atenta a tudo ao redor. Como um cão de guarda. Depois de uns vinte minutos a porta se abriu, e Brigith ouviu os risos. E então uma voz dirigir-se à ela, mas nem se deu o trabalho de virar e ver. Preferiu manter o suspense e continuar de costas. Aquilo era muito divertido.

- Me desculpe a demora mocinha, estava ocupada no outro prédio.

Aquela mulher tinha cabelos castanhos escurecidos, talvez pintasse o cabelo. Estava usando um suéter roxo discreto, com jeans e tênis. Parecia ser alguém bem moderninha para a imagem de Brigith quanto a professoras. Os olhos dela eram de um azul claro lindo, transmitiam serenidade, lembravam o próprio céu. No fundo chegavam a ser até um pouco tristes, o que será que ela devia esconder por trás deles?
Primeiro ela colocou uma caneta nos lábios, analisando uns papéis, então começou a falar calmamente sem olhar pra ela, a professora até que tinha algum jeito agressivo e levemente mal educado. Mas tudo bem, Brigith iria se sentir vingada em breve.

- Me disseram que a senhorita queria falar comigo. Sobre?

- Sobre a minha família. Fiquei sabendo que você esteve um pouco com ela. – Não iria dizer “minha irmã” queria ver a cara de surpresa da mulher.

Emily ergueu os olhos para ela e quando viu aquele rosto, ficou paralisada. Nem sequer piscou, a boca dela ficou aberta daquele mesmo jeito em torno da caneta. E Brigith deu um sorriso pra ela cinicamente. Estava queimando de excitação por dentro, era ótimo causar aquela sensação nos outros. Se pudesse ela iria atrás de cada conhecido de Elisha só pra fazer isso.

- V-você está viva... ? Eu sabia! E a E-Erin? O que houve com...

Antes que a professora começasse a falar demais, depois que ergueu a mão tremula lentamente na direção de Brigith, a morena fez questão de jogar as cartas na mesa antes. Já tinha tido sua diversão.

- Me desculpe. Eu não sou Elisha Sayonomi, sou a irmã gêmea dela.

- Irmã? Ela não tinha irmãs! O pai dela mesmo me disse! – Emily se levantou, aumentando o tom de voz deixando a caneta cair da sua boca – Não ouse brincar comigo assim!

- Eu não estou brincando senhorita Locke. Meu nome é Brigith, eu sou finlandesa. É a primeira vez que vejo essa cidade, eu nem cheguei a conhecer meu pai biológico. Só descobri a existência da minha irmã uns meses atrás, estou tão surpresa com isso quanto a senhorita. Se quiser posso lhe mostrar identidades, certidão de nascimento, fotos, o que quiser! Eu vim para essa cidade exatamente para saber o que houve com ela e meu pai direito. – Bastou Brigith fazer uma carinha de vítima e a professora se acalmou. Ficou totalmente sem jeito e voltou a se sentar, suspirando.

- O seu... O seu jeito de falar, se vestir e o sotaque são mesmo bem diferentes dos dela. Desculpe-me, eu me exaltei. – Ela olhou para a mesa, melancólica. De fato Emily parecia bem mais próxima de Elisha, Brigith poderia dizer que ela estava desapontada por não ser Elisha ali. – Mas creio que você não vai ter boas noticias deles moça. Ambos estão mortos.

- Eu sei. – Estranhou bastante aquele jeito que a professora deu a noticia. Nenhum pouco sensível ela, não? – Já me deram essas notícias.

- Então por que veio me ver? – Emily foi curta, parecia irritada.

- Porque eu queria saber o que houve exatamente. E queria saber também como ela e as pessoas de quem ela gostava eram.

- Pessoas de quem ela gostava? – Emily soltou um riso irônico – Não sei se sou uma delas, mas posso te contar algo sobre ela.

- Por favor. – Brigith sorriu numa falsa simpatia. Na verdade queria espancar aquela mulher depois do jeito que ela estava a tratando.

- Elisha não era uma aluna brilhante, mas também não era uma burra. Suas notas eram medianas e ela preguiçosa demais, dormia o tempo todo nas aulas e nunca fez amigos. Era aquele tipo de menina agressiva que daria uma ótima vocalista de banda de rock caso soltasse mais a voz e tivesse os empurrões certos. – Ela levantou e foi pegar um pouco de café em uma mesinha, servindo apenas a si mesma – Mas eu só fui ficar próxima à ela depois do incidente do dia de Halloween. A casa dele teve um vazamento de gás, e o pai da menina morreu. Ela saiu ilesa, sem nenhum arranhão. – Brigith teve conhecimento desse incidente. Por algum motivo, Ophelia sempre tinha ficado atenta à família biológica dela. Algo que ela precisava perguntar à ruivinha – Depois disso ela se meteu em confusões com o Ishida da classe dela, até me deu sonífero certa vez pra sair do hospital que estava. E quando resolvemos tudo, ela foi morar comigo. Junto com uma garota que eu acabei me tornando responsável temporária.

- Ishida? –Não podia ser coincidência.

- Sim, Kasuya Ishida. Ele estudava na mesma sala que ela e quando acaba matou um dos colegas de classe, fiquei sabendo que é um criminoso perigoso agora. Então depois disso eu passei por certas desgraças familiares e acabei perdendo elas de vista. Um tempo depois soube que tinham se metido num incêndio e tinham morrido. Irônico não é?

Foi ai que a mulher não agüentou mais e puxou um cigarro do bolso, logo depois da água. As feições dela se resumiam em frustração pura. Ela parecia se culpar bastante por tudo que houve. Mas aquilo estava mesmo interessante.

- Até mesmo aquela Luise Kayoshi sumiu depois do que houve. – Soltou fumaça pro alto, falando pra si mesma. Brigith já sabia que não era mesmo coincidência – Mas sabe do mais engraçado? Um ex-aluno meu, Jin, esteve no incêndio. E mencionou uma tal de Victoria, disse que ela levou a outra menina amiga de Elisha embora da cidade, a beira da morte.

Aquilo era como achar um ninho com ovos de ouro. Luise Kayoshi, Kasuya Ishida e Victoria Sullivan mencionados na mesma história. Dessa vez Brigith tinha se interessado a fundo no que tinha acontecido ali. Três líderes de famílias da Black Rose tecnicamente...
Luise Kayoshi era a matriarca do clã da Rosa Branca, os wiccanos, a família Kayoshi.
Kasuya Ishida o líder rebelde do clã de guerreiros milenares japoneses, que tinham ligações com a Black Rose devido às relações que eles criaram com as bruxas irlandesas.
E Victoria Sullivan... Era a princesa da Black Rose. A filha de Anita Sullivan, a herdeira dos Sullivan que por sua vez era a parte da seita que havia caminhado mais longe em direção às trevas. Aquilo era demais, Brigith sentiu até calor quando ouviu aqueles nomes todos.

- Se quer detalhes, devia perguntar pessoalmente a ele...

- Está na minha agenda. Ele é o próximo que vou visitar. – Brigith a interrompeu, se levantando. Não precisava mais daquela fumante rude, sabia que ela já tinha dito tudo de interessante que poderia dizer.

- Parece empolgada com isso.

- Pra ser sincera, sim estou. Eu adoro mistérios.

- Foram eles que levaram Elisha a morrer daquele jeito. – Emily ergueu a sobrancelha, como se quisesse desanimar a morena. Enquanto dava uma tragada.

- Então espero que eu tenha mais sorte que minha irmãzinha. – Bri sorriu e piscou para Emily, dando as costas e indo em direção à porta. Nem fez questão de se despedir pra descontar o tom de voz que a professora estava usando.

- Brigith?

- Sim? – Mas pro seu espanto, ela foi parada na porta por uma voz mais dócil vinda da mulher.

- Se você quiser, pode ficar na minha casa enquanto estiver na cidade, tudo bem? Elisha morava lá... Então eu acho que seria bom... Você sabe, receber você lá. Como cortesia.

Primeiramente Brigith ficou um pouco tocada por olhar nos olhos de Emily, estavam lacrimejando. A professora desviou o rosto e fingiu estar entretida com o cigarro. Mas a morena desfez sua própria feição de estresse e sorriu de leve pra ela. Se aquilo ajudaria aliviar a culpa da mulher, então ela faria uma boa ação.
Aquela agressividade no começo da conversa devia ser mera conseqüência dos sentimentos que a professora guardava em relação à sua irmã. Ela devia se sentir responsável pela morte de Elisha. Isso era óbvio.

- Ok. Mas eu estou com mais uma pessoa além dessa minha amiga.

- Sem problemas. Eu tenho um quarto vago com duas camas e um sofá confortável, posso arrumar colchões também.

- Não, um sofá está de bom tamanho. – Como ela amava maltratar Josh.

- Combinado então. – Emily deu um sorriso simpático pra ela e anotou endereço e telefones de contato para a morena. Mais papéis para passar pro celular, coisa que ela pediu para Sadako fazer. E depois das despedidas definitivas, elas se foram.

Brigith decidiu parar em uma lanchonete pra almoçar, já estava de tarde e elas não tinham comido muito bem ainda. Pagou algo nutritivo pra ela e doces pra Sadako, ela só comia coisas doces mesmo. Por que será?
Passaram algumas horas naquele lugar até que o celular de Sadako tocou e Brigith se ofereceu para atender, mas a garotinha balançou a cabeça negativamente e colocou o aparelho na orelha. Pela voz a ligação era de um homem e a única resposta que Sadako deu foi apertar uma das teclas do celular. E então desligou, levantou-se da mesa e fez uma reverência para Brigith. Antes que a morena perguntasse algo Sadako correu para fora dali, sumindo sem deixar vestígios. A mão da garota ficou estendida na direção em que a pequenina correu, a fome dela se foi toda quando Sadako saiu desse jeito. E se ela não voltasse mais?
Graças ao seu estado emocional isso quase arrancou um choro breve da garota, mas ela conseguiu disfarçar pensando de forma mais positiva. Sadako teria que voltar, não é?

Depois de ajeitar tudo, Brigith apanhou o endereço da outra pessoa que teria que ver aquele Jin. E pegou um taxi para a casa dos pais dele, era a melhor opção até agora. A viagem nem foi demorada, em poucos minutos Brigith viu uma casa de cerca baixa, típica do Canadá. Era de madeira, dois andares e com um quintal imenso. Brigith abriu a cerca sem rodeios e foi até a porta, pelo jardim. E depois de tocar a campainha umas quatro vezes a porta se abriu, quem atendeu foi uma senhora japonesa, pelo menos tinha traços japoneses.

- Sim?

- Jin Kusanagi? Mora aqui?

- Mora, mas não está agora. Quer deixar algum recado?

- Não... Eu precisava mesmo achar ele. – Brigith fez uma feição chateada pra ver se descobria algo mais sem precisar perguntar.

- Acho que você pode encontrar ele na delegacia de policia da cidade.

- Oh, obrigada senhora. – Deu um sorriso rápido para a mulher e saiu, por sorte ela tinha pedido pro motorista esperar um pouco.

Mais algum tempo e lá estava ela na delegacia. Até que era grande pra uma cidade desconhecida daquelas, parecia um daqueles departamentos de policia de filmes de zumbi. Ou jogos talvez, Brigith ficou imaginando aquela cidade sendo infestada por zumbis enquanto ela tinha que arrumar um jeito de escapar usando uma pistola qualquer e um isqueiro. Chegava a ser engraçado ficar perdida em viagens imaginárias assim, mas ela foi abordada por um policial que notou que ela tinha passado de onde podia sem falar nada.

- E a senhorita quer o que aqui? – Ótimos modos.

- Estou procurando uma pessoa. Jin Kusanagi.

- Jin? Não me lembro de ninguém com nome japonês no departamento moça, melhor você ir embora daqui e tentar telefonar pra esse cara. – É. Aquele oficial era mesmo um grosso, mas não só ele. Brigith podia notar um ar hostil em volta de todos oficiais daquele lugar.

- É verdade. Que burra eu sou né? – Outro sorrisinho falso e ela saiu dali.

Seguiu até o lado de fora e se sentou num banco. O tempo estava esquentando um pouco, ela pôde ver anúncios de festivais de Jazz da primavera. Talvez valesse a pena conferir, mas depois. Primeiro ela procurou o numero de Jin no celular e telefonou, ia ser mais legal encontrá-lo de surpresa, mas isso já não estava mais nos planos.

Discou o numero rapidamente, e depois de uns cinco toques ela ouviu uma voz. Era firme, quase grave e com pouca animação.

- Sim?

- Jin Kusanagi?

- Sou eu. Posso ajudar em algo?

- Eu só queria fazer uma perguntas sobre alguém. Elisha Sayonomi, me disseram que você conheceu ela e me passaram seu numero.

- Sim conheci. – Brigith ouviu a voz ganhar mais vida e interesse depois de ouvir esse nome – Quem te passou meu numero? Quem é você e o que quer saber exatamente?

- Calma fofo. Primeiro nós nos encontramos, depois eu explico. E foi seu amigo, Ryo, que me passou. Coincidentemente eu vim pra cá procurando saber dessa garota e me hospedei no hotel do seu amigo. Que acabou me passando o numero.

- Não existem coincidências nessa cidade moça. Quero me encontrar com você o quanto antes.

- Conhece um lugar discreto? – Ela gostou do jeito que ele falou. Pela voz, até se sentiu atraída.

- Sim, tem um restaurante nos subúrbios que não costuma ser muito movimentado. Chama-se “Sunshine”, não tem como confundir.

- Taxistas daqui conseguem achar sem um endereço?

- Pode apostar. Estou indo pra lá agora, não demore. – E desligou o telefone apressado.

Aquele realmente seria o que ia ter a pior reação, Brigith sentiu isso pelo entusiasmo do rapaz. O que ele seria? Namorado da sua irmã? Ela tinha a leve impressão que se fosse, ela ia se sentir tentada em aproveitar a situação. Mais uma vez, taxi. E então o restaurante.
Que dia corrido aquele não?

Brigith quis cobrir o rosto de alguma forma pra poder manter o elemento surpresa sobre si mesma, mas não conseguiu achar nada descente que fizesse esse trabalho. Nem óculos escuros ou capuzes. Ela devia ter pensado em trazer algum consigo, deveria comprar depois. Após a parada em frente aquela lanchonete que era também típica da América, Bri ligou mais uma vez pra Jin. Pelo menos pra localizá-lo e pra sua surpresa alguém parado em frente o restaurante atendeu. Estava de costas, mas era loiro de cabelos curtos penteados pra trás e alto, estava com uma camisa branca e jeans surrados, segurando uma jaqueta marrom. Ela ficou parada atrás de uma pequena arvore que estava na calçada, pra evitar ser vista. Tudo isso apenas pra não estragar a cena de susto.

- Onde você está?

- Em frente o Sunshine. E você?

- Estou chegando. Como faço pra te reconhecer?

- Eu sou loiro, vou estar usando uma camiseta branca. E vou me sentar logo na entrada, terceira mesa. Se quiser ir e se sentar nessa mesa, tudo bem. Talvez eu demore um pouco mais pra chegar. – Bri viu aquele homem colocar o casaco marrom após olhar para a lanchonete e certificar-se de algo. Com certeza era ele.

- Tudo bem. – Ela deu um risinho e retribuiu pela ultima vez, batendo o telefone na cara dele.

Ficou ali até observar aquele homem atravessar a rua e ficar sentado num tipo de uma praça, de frente para a lanchonete. E ele estava com óculos escuros também.
O que será que ele estava tentando? Descobrir quem era Brigith antes de ele entrar? Isso era bem paranóico. Mas tudo bem, ela era esperta demais pra um mero agente da policia saber como enganá-la. Deu meia volta e atravessou a rua no outro quarteirão, entrando naquela praça pelo lado, não pela frente. E caminhou por ali, se desviando das crianças que brincavam num parque, até chegar sem ser notada perto do banco em que o homem estava. Por sorte, o rapaz estava tão distraído olhando para o restaurante que nem notou ela parada há alguns metros dele. Foi então que Brigith sorriu totalmente empolgada por dentro e caminhou na direção dele, dizendo um simpático e alto:

- Senhor Kusanagi?

- O que... – O rapaz olhou pra ela, ficou em silêncio por uns segundos até que se levantou um pouco trêmulo e tirou os óculos escuros. E que bonitos olhos castanhos ele tinha...

Brigith definitivamente achou que a sua irmã tinha um gosto excelente se aquele era o namorado dela. Ele parecia estático, mas continuava tentador com aquela cara de surpresa. E como a morena amava causar essas reações. Ela podia ganhar a vida como assustadora de amigos de irmã gêmea se isso fosse um emprego, aquele sorriso na face dela era de pura satisfação. E Jin estava tão imóvel que ela passou com a mão na frente do rosto dele pra ver se o tirava daquele transe.

- E-Elisha... – Ele caminhou pra ela em passos lentos – É você mesma? – E antes que Brigith pudesse responder (Ela estava em duvida se respondia), o rapaz a abraçou bruscamente. Apertando-a com força contra si mesmo.

Nessa hora ela ficou com mais duvidas ainda se contava ou não a verdade... Que tal esperar passar essa noite? Poderia funcionar. Levava ele pra cama e no dia seguinte no café da manhã murmurava um amoroso “Olha... Só tem um problema, eu não sou a Elisha. Na verdade sou a gêmea dela, mas eu posso fingir ser ela se você quiser às vezes.” Isso com certeza ia acabar com a mente do rapaz. Mas como contar agora que eles estavam assim? Ela até quase retribuiu o abraço, estava arrepiada! Seria triste cortar aquele clima.

- Ahn...

- Eu sabia que você não podia ter morrido daquela forma!

- Jin... – Não tinha problemas chamá-lo pelo primeiro nome não é?

- Por onde você esteve esse tempo todo? Droga... Eu pensei que...

- Eu não... – Então ele afrouxou o abraço e a olhou nos olhos. Seria possível que ele iria beijá-la? A vontade de ficar quieta voltou.

- Você... Tá usando maquiagem? E brincos?

A expressão dele de espanto e emoção foi substituída por um olhar confuso. Que droga! Ela teria que falar de uma vez. Porque homens interessantes sempre pensavam demais antes de agarrar a mocinha de uma vez? Bri amaldiçoou os homens um pouco antes de falar algo.

- É o que eu estava tentando dizer. – Na verdade não estava tanto – Eu não sou a Elisha.

- Ah, qual é! Não brinque comigo assim, eu me lembro de você! – Ele quase riu.

- Estou falando sério. (Mesmo que eu quisesse ser ela só um pouquinho nos últimos segundos... Deuses, que calor.) Enfim... Eu sou a irmã dela.

- Fala sério. Isso não tem graça. – Brigith o encarou com um pouco de sarcasmo e seriedade. – Como você seria a irmã dela?

- Fomos separadas por problemas familiares. Eu só soube da existência dela há uns meses atrás, então vim procurá-la. Não dá pra notar meu sotaque?

- Sim... Seu sotaque é diferente, mas... – Agora ele estava voltando a se alterar.

- Quer minha identidade? Passaporte? Falar com a minha mãe adotiva na Finlândia?

Jin fez que sim com a cabeça e Brigith entregou os documentos pra ele, obviamente não ia ligar pra Ophelia ou Aurora só pra isso. Depois de analisar aquilo por alguns minutos, o jovem devolveu as coisas pra ela e suspirou. Sentando-se novamente naquele banco e olhando pro alto. Soltando um riso frustrado.

- Me desculpe. Eu me empolguei. É que a Elisha foi importante pra mim... Um caso complicado sabe. Daqueles que você não esquece fácil.

- Eu é quem devo me desculpar por não ter dito isso de imediato. – Na verdade, foi de propósito. O pedido de desculpas não foi sincero. – Mas bem... Espero que possamos ser amigos, eu pago a conta no restaurante como pedido de desculpas, que tal?

- Então era você mesma no telefone. – Continuava com aquele sorriso de dar dó na face, mas levantou. Dando alguns passos na direção da lanchonete. – Tudo bem, mas eu pago. Não se preocupe. A culpa foi minha por me precipitar.

Brigith apenas sorriu pra ele contente e o acompanhou, sem reclamar. E murmurou pra si mesma baixinho um pedido de desculpas pra irmã falecida, caso decidisse roubar o namorado dela por uns dias. Seria interessante não?
Depois de um tempo os dois estavam sentados na mesa da lanchonete, Jin tinha pedido algo alcoólico e um lanche com ovos. Ela decidiu ficar apenas com um milkshake de rum, estava tentando parecer o mais radiante possível.

Mas Jin parecia totalmente desmotivado a ter aquela conversa. Brigith até se viu um pouco indignada com aquilo. Por que ele faria corpo mole pra falar com uma garota que era a versão melhorada da namorada dele? Será que homens interessantes também eram mais presos ao passado do que ao presente? Isso era idiotice...

- Você gostava dela tanto assim?

- Ah.. Bem... Eu fui sim apaixonado pela sua irmã. – Ele parecia incomodado pela aparência de Brigith ainda.

- Me disseram que vocês eram namorados.

- Não exatamente... Mas acho que seriamos. Se algumas coisas estranhas não tivessem acontecido, foi tudo rápido demais.

- Coisas?

- Eu ainda não sei muito sobre... Mas estou pretendendo trabalhar pra descobrir. Tinha uma amiga dela chamada Victoria, na verdade eu achava que elas namoravam. E quando Victoria veio pela primeira vez aqui os problemas começaram. – Deu uma golada na bebida, seria essa Victoria a filha de Anita? – Um colega de classe acabou matando um dos meus melhores amigos por motivos que nem eu mesmo sei, e aquele incêndio no Blue Sky...

- Você estava presente não é? – Jin parecia hesitante em falar daquilo.

- Foi a minha maior falha... Sabe, às vezes eu penso que fui eu quem deixei sua irmã morrer. Ela simplesmente saiu de si e entrou no prédio em chamas, pra tentar salvar o couro do Ishida. Eu não sei por quê... Foi o Ishida quem matou o James, por que a Elisha teria uma crise de bondade e tentaria salvar ele? – Brigith ficou calada, com o canudo na boca. Enquanto Jin parecia terrivelmente frustrado por estar relembrando essa história - Mas isso não é o pior. Victoria acabou levando uma amiga nossa, Erin, que tinha levado dois tiros dentro daquele prédio embora da cidade sem nem parar num hospital. Era como se ela quisesse somente o corpo da menina... E quanto à sua irmã, Victoria simplesmente a deixou entrar no prédio. Como se tudo aquilo tivesse sido parte de algum plano doentio dela pra matar tanto Erin quanto Elisha. E eu... Levei um tiro na perna como recordação.

- Nossa... É uma história e tanto. – Se aquele Ishida era Kasuya Ishida, com certeza essa Victoria era a Sullivan. Não restava duvidas. Então ela conheceu a gêmea de Brigith...

- O engraçado é que eu tentei pesquisar em todo lugar pela Victoria, mas não achei nada. Identidade, carta de motorista... Até os dados dela na internet sumiram todos. É como se a existência dela tivesse sido apagada. Ninguém além da Elisha sabia de onde ela veio ou quem ela era. A única ligação que eu consegui deduzir foi com a Luise Kayoshi, uma madame rica que morava em uma área de floresta na cidade. Era mãe de outra colega de sala minha que faleceu. – Tomou fôlego – Eu consegui testemunhas que viram o carro de Victoria indo para aquela casa depois do incêndio. E estranhamente, Luise Kayoshi saiu da cidade quase uns dois dias depois disso. Eu acredito que essa Luise tenha alguma culpa na parte de todos os traços de Victoria terem sumido, e que foi ela mesma quem acobertou o desaparecimento do corpo da Erin. O estranho é que os oficiais de policia todos se recusam a investigar a mulher, tudo que você ache ou jogue contra ela é ignorado ou descartado... Foi por isso que decidi investigar por dentro da policia. Eu quero saber o que houve realmente.

- Se importaria de me manter informada sobre o que você descobrir? Eu também vim investigar o que houve aqui. – Provavelmente era um problema da Black Rose, e se fosse o caso era melhor ela se encarregar. Era seu dever como membro da seita. O que ela descobrisse seria repassado pra Ophelia, e a líder decidiria o que fazer com Jin. Só seria uma pena se ele acabasse morto... Brigith não queria isso. Por que a seita tinha que ficar oculta afinal?

- Tudo bem. Agora eu já tenho seu numero mesmo...

- Eu vou ficar na cidade uns dias. Na casa da responsável pela minha irmã, eu te ligo. A gente pode sair um pouco também, que tal?

- Sem problemas. Só não estranhe se eu ficar meio abestalhado por sua causa.

- Portanto que não seja só porque eu pareço com a minha irmã, tudo bem. – Um sorriso bem colocado em combinação com uma piscadela rápida, Jin ficou sem jeito.

A conversa deles em seguida foi divertida, Jin era perfeito. Brigith poderia ter se apaixonado por ele perdidamente ali. Além de bonito o rapaz possuía um caráter ótimo, era inteligente, caloroso... Talvez um pouco bobo demais, mas isso também podia ser aceito como algo positivo. A única coisa que impediu ela de se fascinar totalmente por aquele homem foi o fato de ele demonstrar um nervosismo estranho sempre que olhava demais pra Brigith.
E ela sabia muito bem que ela ser a gêmea da namorada dele estava influenciando as coisas, isso chegava a ser irritante. Nunca podia dizer se ele estava se dando bem por ela apenas pela aparência ou pela personalidade. E quando já tinham percebido, escureceu.
Brigith se despediu dele com um beijo daqueles seus, no rosto, perto do pescoço. Seria ótimo se ele tivesse gostado daquilo, de um jeito gracioso ela deu tchau e saiu dali confiante. Se ele mesmo não ligasse em dois dias, ela ligaria. Foi estranha a maneira que ela se convenceu que tinha que ganhar aquele cara. Talvez pra iludir Ophelia com algo tipo “Olha, com esse eu posso mesmo casar não é?” ela sabia que a ruivinha iria adorar a idéia. Jin era educado e firme, daria um membro exemplar pra Black Rose.

Caminhou até encontrar algum táxi e pagou o homem antes mesmo de mencionar o nome da pousada onde estava. E no caminho pra lá ligou para Josh, ordenou que ele estivesse pronto e que ajuntasse as coisas, pois eles não iam dormir lá.
Quando chegou ali na porta viu Josh com as malas nas mãos e Ryo do seu lado, até que ele tinha sido rápido. Ela desceu do carro e foi até eles.

- A professora ofereceu estadia pra nós na casa dela. Então achei melhor não recusar, eu quero dar uma olhada nas pessoas que eram próximas à minha irmã de perto.

- Ela tem espaço pra nós três?

- Tem sim, mas acho que a Sadako não... – Lá estava ela, a pequena de cabelo cor de rosa. Bem do seu lado, quando ela tinha chegado ali? Brigith se assustou. Ela não estava no taxi.

Todos ficaram em silêncio naquela hora, estava escuro, nem Josh e Ryo que estava de frente para Brigith puderam dizer quando foi que Sadako saiu de trás da morena e ficou ali parada estática do lado. Brigith olhou para a menina com espanto, mas Sadako apenas sorriu e inclinou um pouco a cabeça pro lado.

- Isso nem me impressiona mais. – Disse Ryo – Boa estada na cidade pra vocês. Se caso o negocio ficar ruim na casa da Emi-sensei, voltem pra cá. Eu arrumo um desconto, o dono nem vai saber. E não esqueçam de me mandar um e-mail, eu deixei meu endereço com o Josh.

- T-tudo bem. Vamos? – Brigith ficou olhando para Sadako por uns minutos, até que decidiram entrar os três no taxi e irem pro endereço que Emily tinha dado.

Mas Sadako tinha uma mensagem pra passar. Mostrou a telinha do celular com algo simples escrito: “Um representante da família Sullivan vai se encontrar com você, o endereço está comigo, devemos ir o mais rápido possível.”
Então o destino deles mudou. Sadako entregou um papel para o taxista, que o encarou com um olhar desagradado e virou o carro. Antes aos olhos de Brigith, Sadako era fofa. Mas agora ela estava começando a sentir um pouco da insegurança que deveria sentir em estar junto com uma assassina fria dos Kaori.

No caminho eles passaram pelo que teria sido o edifício Blue Sky, onde o incêndio de dois anos atrás tinha acontecido. Tinha sido demolido, Brigith podia ver uma construção nova sendo erguida ali. Não devia prestar muita atenção naquilo enfim.
O prédio que em que eles pararam era ali perto, Brigith não prestou atenção no nome, apenas virou-se para Josh e pediu pra ele ficar ali vigiando as malas, elas não iam demorar. E o taxista ia receber por cada minuto de demora. Isso resolvido ela e Sadako caminharam para o portão de vidro do edifício, e foram dar seus nomes na recepção. O atendimento foi rápido, a mulher que estava ali (uma loira bem magra) olhou para Sadako com insegurança e sorriu forçadamente para as duas. Até que elas puderam subir.
O elevador era fechado, recoberto de vermelho no chão. Um tapete surrado de certo, feio. O que fazia Brigith pensar qual seria o assunto que queriam tratar com ela naquele lugar. O elevador parou no penúltimo andar, e elas caminharam pelos corredores escuros do prédio até que Sadako encarou uma das portas vermelhas desbotadas daquele andar e bateu. A voz que foi ouvida além da madeira avermelhada era masculina, melodiosa, e ao mesmo tempo fria, estranha:

- Está aberto. Entrem.

E as garotas obedeceram. Sadako deixou que Brigith fosse na frente, e já do lado de dentro ela ouviu a própria Sadako fechar a porta. E ficar parada ali, em silencio.
A pessoa que estava na sala se localizava de frente pra um barzinho, enchendo duas taças de vinho. Primeiramente Brigith viu aqueles longos cabelos negros, que se estendiam até metade das costas do homem, viu um relógio de pulso prateado, alguns anéis com jóias verdes, azuis e vermelhas nos dedos dele, e as roupas que ele usava eram um tipo de social longo. Vestes finas, caras. Quando ele virou-se de frente, já com as taças em mãos, foi quando Brigith percebeu que ele era membro dos Sullivan.
Olhos verdes, intensos e frios. Não tinham a mesma aura que os de Anita, nem de longe, mas a cor era quase tão intensa que chegava a parecer. E aquele sorriso... Brigith comparou aquele homem com uma cobra traiçoeira e extremamente venenosa assim que viu aqueles olhos em combinação com aquele sorriso. Ele também possuía brincos de prata nas orelhas, seu rosto era esguio, bonito. A combinação disso tudo formava no mínimo um homem sedutor. Porém mesmo que Brigith fosse facilmente levada por aparências, ela soube imediatamente que aquele era um Sullivan da família antiga.
Ela morreria envenenada apenas por deixar as palavras dele entrarem demais pelas suas orelhas, sabia reconhecer um demônio quando via um.

- Brigith Velmont ahn? É uma jovem encantadora.

- Obrigada. E você seria?

- Vincent. – Respondeu ele erguendo uma das taças pra garota, que a aceitou hesitantemente – Está gostando da cidade? Desde que a matriarca da Rosa Branca saiu do Canadá a família principal está tomando conta do lugar. Eu diria que é uma cidade peculiar, não concorda?

- Sim. Ela combina bem com os Sullivan. – Sorriu de leve, ainda insegura.

Vincent tocou a taça dela de leve com a sua, fazendo um pequeno brinde. Pra então começar a beber dali, sentando-se numa poltrona negra que estava no centro daquela sala. Com um gesto, convidou Brigith para se sentar perto dele.

- A senhorita não foi chamada aqui pra ver a cidade de qualquer forma. Que tal começarmos?

- Com o que? – Ela se aproximou, Sadako trancou a porta nas costas dela. E ficou em silencio observando. Mais uma vez ela hesitou em sentar-se no sofá.

- Relaxe menina. Não vou te matar. Eu só vou te apresentar uma parte da sua família que você não conhecia que conseqüentemente tinha certo envolvimento com a nossa seita.

Bri apertou o olhar pra ele e finalmente se sentou, dando uma golada longa no vinho enquanto cruzava as pernas. Vincent sorriu sombriamente enquanto a olhava.

- A senhorita chegou a conhecer seu pai biológico, correto?

- Sim. Devo ter visto ele no máximo umas três vezes na vida. – Brigith nunca ligou muito para o tal, só tinha aceitado vê-lo por insistência de Ophelia.

- Lembra-se dele?

- Cabelo preto, barba por fazer com cavanhaque, cara de tédio... Típico cara de meia idade. Chamava-se... Mark. Acho que seja isso. Por quê?

- Apenas testando sua memória senhorita Velmont. Pra ter certeza que você vai identificá-lo na visão. – Então Vincent levantou-se e acabou sentado na mesinha de centro, bem de frente para Brigith, que o encarou com estranheza. Colocando o vinho num suporte de madeira que estava ao lado da poltrona.

- Visão? O que exatamente você vai fazer? – Ela estava ficando cada vez mais apreensiva.

- Não vai doer nada. Só vou fazer você ver uma coisa ou outra.

- Como? – Brigith afastou-se dele, quando esticou as duas mãos para tocar a cabeça dela. Vincent riu, como se achasse que ela estava agindo como uma criança assustada. E colocou as mãos nas pernas, olhando fixamente pra ela.

- Gêmeos tem um tipo de ligação especial. Eu só vou utilizar dessa ligação pra obter informações da sua falecida irmã. E reviver uma memória ou outra sobre a sua família que estão presas nessa cidade. Só vou tocar você. Sem sangue, dor ou hipnose. Ok?

- Tudo bem... – O que ela poderia fazer além de ceder? Era um pedido da líder afinal.

Vincent se aproximou, com aqueles olhos verdes sombrios. Chegou bem perto da face dela, até era notável o cheiro forte e maravilhosamente estonteante do perfume dele. Brigith sentiu seu rosto enrubescer, fechou os olhos e ouviu aquela voz sorrateira lhe dizer:

- Deixe sua mente vazia... Vai acabar antes que você perceba.

E então sentiu os cinco dedos de cada mão dele lhe tocarem as laterais do rosto. E nessa hora ela apagou, tudo ficou escuro. Como se ela tivesse desmaiado.
Quem era aquele homem? O que ele tinha feito?
Com apenas um toque a consciência da garota já não estava mais ali, a sensação que ela tinha era a de estar sonhando. Um daqueles sonhos realistas em que você pode sentir o gosto, cheiro, toque... Quando sua visão voltou ela estava debaixo d’água, com água dentro dos olhos, garganta, pulmões, estomago. Estava imóvel, se afogando dentro do que parecia ser uma banheira. Por mais que ela tentasse, seu corpo simplesmente não se movia. Embora seus olhos estivessem abertos.
Aquele bastardo... Rato traiçoeiro.

O desespero foi crescendo, a sensação de ter água dentro dos pulmões a impedindo de respirar foi pior que os espasmos que ela costumava ter. Pior que encher suas mãos de sangue por causa daquela sua doença que tanto a fazia odiar-se tanto.
O corpo foi ficando dormente, seus pulmões pararam de se contrair.
Ela não pôde fazer nada... Sentiu a vida sair do seu corpo, a sua alma escapar pelos seus lábios semi-abertos. Dessa vez ela estava mesmo morta.
O que Ophelia iria dizer?
Por que ela precisava perder Ophelia assim? De um jeito tão confuso, bizarro?
Pelo visto ir praquele lugar tinha sido uma péssima idéia.
Ela chorou, e as lagrimas se misturaram com a água quente da banheira.
Pensou nos olhos pálidos da garotinha ruiva até sua consciência falhar novamente.
Aquele era o fim.
E aqueles seus olhos que antes ardiam não se fecharam.
O que ela iria dizer para Ophelia?

“Please... Please... Forgive me.”

2 comentários:

  1. Boas!
    Achei... curiosos pelo facto de ela estar supostamente a morrer e a única pessoa em que ela pensa é a Ophelia.
    Realmente ela ama-a mesmo...
    E ainda estou à espera de ver romance da parte da ruivinha imortal! Espero é que seja homo =P

    Estou a adorar a história, como sempre! Realmente ela é muito bem escrita.

    Ansiosa por mais!
    Luina

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  2. Peço desculpas por essas demoras.
    Vou tentar terminar e postar o proximo capitulo até a semana que vem. ;p

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