segunda-feira, 27 de julho de 2009

Capítulo XII - Família

O sol ia nascer em algumas horas e dava pra ouvir as vozes de alguns rapazes ainda acordados em torno da fogueira, e das duas meninas discutindo bem baixo, Vic já estava pronta pra dormir, enquanto Elisha estava pingando por causa do seu “mergulho” forçado no lago.
Elisha queria que a amiga saísse da barraca pra ela poder se trocar, como ela mesma tinha feito pra não ter que ver Vic ainda menos vestida do que estava mais cedo.
Porem ela se recusava sair e dizia naquele seu tom cheio de segundas intenções que Elisha saiu pra ela se trocar porque quis e insistia pra ela se trocar na sua frente mesmo pois um dia ela a veria nua mesmo...
Era inútil discutir com Victoria, Elisha disse que ia se trocar no mato então e ameaçou sair da barraca, mas parou quando ouviu Vic dizer que os meninos ainda estavam acordados.

-Sai da barraca. – Isso vindo de Elisha soou engraçado, mesmo ela estando brava.
Vic suspirou chateada, não querendo irritar ela de verdade.

-Ok, eu saio. Mas com uma condição. Quero um beijo depois, e demorado.

-Tá bem... –
Talvez ela já tivesse se acostumado com esses beijos.

Vic saiu de lá e ela se trocou rápido pra não dar tempo daquela abusada voltar, mas perdeu a pressa quando ia vestir a camisa.
Talvez essa relação com Vic fosse um erro. Então era isso que as outras meninas chamavam de “ficar” com alguém?! Era ridículo fazer isso sem sentimento algum.
Esse era exatamente o problema, ela parecia sentir algo por Vic. E sentia também que não tinha talento pra essas coisas. Gostar assim de Vic, que parecia fazer isso frequentemente e por diversão... Estava quase obvio que era um erro dos grandes gostar dela nesse sentido.
Elisha achou que era menos idiota antes.
Vinte minutos se passaram e lá estava ela, deitada e irritada porque Vic estava demorando demais pra voltar. Devia estar dando em cima dos garotos lá fora.
Se sentiu uma idiota por causa do ciúmes e seu orgulho impediu que ela fosse lá ver o motivo da demora. Até que ouviu o zíper da barraca abrindo.
Levantou-se apressada e viu Jin carregando Vic no colo, ela tinha dormido. Aquela cena foi familiar. O rapaz colocou ela no chão ao lado de Elisha, que achou irônico o costume dele pegar moças adormecidas no colo e percebeu que não tinha maldade naquilo. Ele parou e observou ambas perto uma da outra por um tempo, deixando Elisha encabulada, desviando o olhar e mexendo um pouco nas suas mechas negras. Jin explicou pra ela que só veio trazer Vic, mas parecia que queria dizer algo mais.
Elisha se virou pra ele , levantando-se, e ele deixou as palavras saírem:

-Ela dorme que nem um bebê...

-Pois é.

-Ela é única, diferente de todas que conheci. Você tem sorte Elisha, sabe selecionar seus amigos bem mesmo, espero que eu entre pra essa lista algum dia.

Jin cruzou os braços e sorriu sem mostrar os dentes e olhar diretamente pra Elisha, aquilo foi incrível. Ela tinha quase certeza que ele nunca mais ia agir assim, amigavelmente, por causa do que ela, ou pior, Irene tinha feito de tarde.
Ela não acreditava que existiam homens assim, mas...

-Sobre mais cedo, queria pedir desculpas. Eu... – Foi dizendo meio acanhada.

-Tudo bem. – Ele pareceu querer se vingar das interrupções que sofria também. – Todo mundo tem seus acessos de loucura as vezes.

-Eu quis dizer por antes também. – Desviava o olhar – As vezes você queria ajudar mesmo, mas eu sempre...

-Ei. Já disse que tudo bem. –
A voz dele voltou a ter um ar terno, dessa vez ela não achou que fosse falsidade. – Eu nunca te disse, mas eu sempre gostei do seu jeito. Você também é diferente, se valoriza, tem personalidade e não liga pras besteiras mundanas que nem a maioria das meninas da nossa idade. E agora você me provou que é uma guria legal. – Ele se virou pra saída e ergueu o polegar pra ela, como um sinal de incentivo ou aprovação. – E por outro lado, eu adoro mulheres que pisam em mim. – Brincou rindo um pouco e se despedindo, saiu de lá e a deixou a sós com sua “bela adormecida”.

Jin era um cara legal. Talvez nem todo homem fosse igual como dizia o tal ditado feminista. Talvez aquela maldade viesse da cabeça dela mesma, que tinha criado certo conceito sobre meninos.
Achou melhor parar por ai antes que ela de fato desenvolvesse uma “quedinha” por ele, como as outras meninas da sala.
Olhou pra Vic mais uma vez, estava sorrindo vagamente mesmo adormecida.
Seria aquilo um erro mesmo? Foi dormir.
O dia veio rápido, depois que dormia acordava rápido sempre. Ao se sentar Elisha ouviu a voz de Victoria sonolenta e baixa a avisando que assim que a mesma se levantasse elas iam embora, Elisha respondeu sonolenta também:

-Vou lá fora tomar um ar.

-Vai não... Deita aqui comigo.- respondeu Vic, manhosa.

-Quero dar uma olhada na floresta antes de ir. – Foi a primeira desculpa em que ela pensou. Era melhor assim, ela já tinha se envolvido demais.

Victoria a chamou de boba e a ficou encarando de uma forma tão doce e tentadora que Elisha precisou reunir boa parte da sua vontade pra sair de lá. Ainda era meio cedo e só Ariana e Sayo estavam lá fora, a segunda ficou a encarando e a outra a convidou pra se sentar com elas ali por meio de um sorriso. Não custava tentar, ela se sentou.
Mas se arrependeu rápido, como de costume. Sayo parecia fazer de tudo pra inferioriza-la e destacar a si mesma usando do intelecto.
Primeiro perguntou se Elisha era gótica, ela só acenou com a cabeça, foi o sinal pra Sayo enche-la de perguntas sobre o estilo e outras coisas, por fim deu uma indireta que alguns emos se diziam góticos. Elisha nunca tinha ligado muito pra conceitos, ela andava de preto e ouvia musicas chamadas de góticas popularmente porque gostava, não pra dizer que seguia estilos, Sayo estava conseguindo a irritar.
Eis que Ariana amenizou as coisas dizendo que Elisha tinha jeito de pagã. Sayo aparentava não saber nada do assunto pra continuar tentando abaixar a moral da morena e ocultismo era algo que ninguém naquela sala entendia melhor que ela. Foi bom ver Sayo calando a boca, enquanto Ariana perguntava coisas idiotas sobre gnomos e espíritos da floresta pra Elisha. Elas eram chatas.
Elisha quase beijou a boca de Victoria quando ela apareceu e a chamou pra ir embora, de tanta satisfação em sair de perto das duas.
Vic se despediu de todos calorosamente, inclusive Amanda, Elisha só fez um aceno com a mão, entraram no carro e caíram na estrada novamente.
Ela apoiou o queixo em uma mão, não prestando atenção no álbum ‘Back in Black’ do AC/DC que Vic tinha colocado no cd player.

-Até que foi divertido.

-Bem pouco. – Respondeu sem deixar de olhar as arvores passando.

-Você é modesta demais. – Disse Vic sobre seus óculos escuros.

-E você atirada demais.

Ela teve impressão de ver Erin de pé entre as arvores, olhando pra elas com as mãos juntas sobre as pernas. Murmurou o nome da colega pra si mesma.

-Conhece? – Vic viu aquilo também – Parece um fantasma.

-Talvez ela seja. – Elisha a encarou até sumir de vista, e perguntou pra Vic aonde elas iam, a resposta foi sua casa. Ela concordou ainda desatenta.

Chegaram lá quando estava escurecendo, a casa estava toda apagada, o pai devia ter saído. “Deve ter ido a um bordel” falou pra si mesma, Vic abriu um sorriso largo e ficou animada com a casa vazia, lançando um daqueles olhares pra Elisha que respondeu:

-Nem pense nisso.

-O que a gente vai fazer então?- Respondeu ela torcendo o nariz e se jogando na cama de Elisha, que caminhou até a porta do quarto e ficou encostada lá a observando deitada, foi direto ao assunto:

-Quero saber mais sobre a Yuna, família principalmente.

-Não perde tempo hein? – Vic não pareceu afim de falar, mas respondeu enquanto se virava de bruços na cama, apoiando a cabeça nas mãos pra encarar Elisha. – Eu e Yuna fomos adotadas, o irmão da minha “mãe” adotou ela então a gente não tem ligação por sangue. Acho que os pais dela sempre a viram como um bichinho de estimação, igual ao jeito que os meus me viam. Ela até que se dava bem com eles, não amava de verdade, mas era muito grata. Eles eram boa gente, e ela uma boa menina, deu mais sorte que eu. Essa nossa família é esquisita, por isso coloquei sobrenatural nas opções.

-Como assim? –
Elisha estava curiosa, e Vic gostou disso. Sorriu levemente.

-Parece uma seita. Os meus seis tios e tias são estéreis, e todos adotaram pelo menos uma criança. Ninguém tem laço sanguíneo lá, acho que eles nem são filhos dos mesmos pais pra se dizerem irmãos. Todos nós descendemos de pagãos e dos bons, temos sangue inglês ou irlandês puro. E adivinha, eu e Yuna também somos estéreis.

-Acha que foram eles? – Elisha se aproximou dela devagar.

-Duvido, mas não é impossível. A família é rígida, mas calorosa a quem segue as regras e Yuna seguia. Eu é quem sou a ovelha negra, mas não vem ao caso.

-Sabe onde ela mora aqui?

-Sei, mas não posso ir lá. –
Sempre tinha um “mas” – Os pais dela não podem me ver nessa cidade.

-Fugida de casa?

-Por aí. Você vai ter que ir sozinha se quiser checar. – O sorriso se apagou quando Vic soltou as palavras a seguir- De qualquer forma eu vou ter que investigar de longe. Melhor voltar pra casa antes que eles me achem.

Era aquilo que Elisha temia, sentiu um aperto no peito muito forte quando pensou que Vic teria mesmo que ir embora.

-E vai voltar pra lá quando? – As palavras saíram com dificuldade.

Victoria sentou na cama, de costas pra Elisha, ao ver que ela tinha se sentado também, porem um tanto afastada e cabisbaixa.

-Fico mais um dia aqui com você...

-Hm...

Elisha não quis falar mais nada, ficou se chamando de idiota mentalmente
Essa paixonite era culpa dela mesma, por que diabos ela se deixou levar sabendo que Vic não ia ficar por perto sempre? E mesmo que esse sentimento fosse mutuo,como poderia dar certo com a distancia? Abraços e beijos virtuais não teriam aquele mesmo calor. E mesmo que elas se vissem uma vez por mês, que seja, talvez ela não agüentasse viver nos outros dias que ficasse longe dela. Idiota sim, agora ela teria que arcar com o sofrimento resultante da sua própria fraqueza. Ela odiava aquilo tudo.
Antes que ela amaldiçoasse a si mesma ainda mais, sentiu os braços de Vic lhe envolverem, por trás, e sentiu a cabeça dela repousando sobre seus ombros e ouviu sua voz baixa, próxima ao ouvido.

-Eu vou dar um jeito. Assim que eu resolver esse meu problema com os pais volto pra buscar você. Daí a gente some juntas, vamos rodar por esse mundo todo sem precisar ter mais nenhuma preocupação. Topa?

-Uhum... - Ela hesitou um pouco. Não queria se iludir, sumir daquele lugar, daquela vida com ela ia ser como um sonho. E Elisha conhecia aquele ditado que dizia que sonhos eram pra serem sonhados, já os pesadelos pra serem vividos.

Quem sabe ela não estivesse sendo pessimista demais ?

-Vou tomar banho então, quer vir junto? – Vic sorriu.

-Não abusa. – Mas Elisha não cedeu.

-Vocês me fazem vomitar aqui. – Foi o único comentário de Irene durante o dia todo.
A noite tinha chegado.

Mais tarde era Elisha quem estava no banho ainda pensando naquilo, ela queria mais que tudo que alguém a salvasse daquela existência sem sentido. Nem que seu “Cavaleiro com armadura montado num cavalo branco” fosse Victoria, alias ela estava mais pra “Louca sexy que dirige um Mustang preto”, era mil vezes melhor que o “cavaleiro”.
Enfim, nem que isso tivesse que ser feito por ela mesma, sozinha. Ter um emprego que pagasse bem, mas não muito, ser independente do seu pai e ir morar bem longe daquela gente. Era tudo que ela queria, e era pouco. Seria pedir demais?

-Elishaaa...

Ela levou um susto ao ver Vic olhando pra ela da porta semi-aberta. Elisha tinha trancado, como Victoria tinha aberto aquilo? Não soube se cobria seu corpo nu ou se atirava o sabonete na cara daquela maluca atrevida. Decidiu por se cobrir, e teria conseguido se a maldita toalha não tivesse enroscado no gancho em que estava pendurada. Na sua pressa pra dar um jeito de sair de lá, ela se esqueceu do maior perigo, Victoria tinha se aproximado dela pelas costas. Elisha sentiu um tipo de pressão no pescoço, que ela deduziu ser uma mordida fraca, mas aquilo não foi nada. O arrepio e a sensação do coração estar prestes a sair pela boca vieram quando ela sentiu os dedos de Vic tocarem os flancos dos seus seios e deslizarem lentamente até sua barriga ainda molhada. Ela não soube como reagir.
No fundo seu corpo queria permitir que aquilo prosseguisse, mas ela não queria. Mesmo que gostasse de Vic e tudo mais, sentia que não estava preparada praquilo e até que gostava de ser pura. Mas a maior preocupação era o pai, ele poderia voltar a qualquer momento. Vic gostava dessa “adrenalina”, Elisha não.
Saiu do box do banheiro depressa, conseguindo desenroscar a toalha, se enrolou nela só na sala, quando estava numa distancia segura de Victoria, que se encostou na porta rindo e pedindo pra Elisha pelo menos deixá-la enxurgar. Obviamente ela molhava tudo por onde passava, mas não achava graça naquilo e não respondeu mais porque seu coração ainda não tinha voltado pro lugar. Ela nem mesmo percebeu que seu pai estava lá na porta da sala, olhando pra filha praticamente despida constrangido. Ele devia estar lá fazia um tempo bom. Ponto pra Victoria Sullivan de novo.

Pelo fim do dia eles só pediram uma pizza e dormiram. Vic talvez tivesse esquecido daquele beijo que Elisha devia.
Um dia... Ela nunca imaginou que fosse passar tão rápido.
No dia seguinte elas ficaram sem assunto até de tarde, foi chato. Até que Vic sugeriu que elas fossem passear, tomar um ar. Elisha conhecia um lugar bom pra isso, quando era pequena ela caminhava até a parte mais alta da cidade, pra um tipo de mini-praça e ficava lá sozinha sentindo a brisa morna da tarde acariciar seu rosto. Talvez fosse o único carinho que ela conhecesse. Uns minutos depois ela e Vic estavam nesse lugar sentindo essa mesma brisa, e ela se lembrou da ultima vez em que tinha parado pra tomar esse vento. Yuna estava ao seu lado, mesmo não tendo sido chamada. Era como se Elisha pudesse senti-la ali, no vento. Vic sorriu e fechou os olhos, era como se pudesse sentir também. Yuna devia ser importante pra ela.
O assunto só veio quase uma hora depois, e Elisha provou pra Vic que as vezes ter família era bem pior que não ter. E Vic provou pra Elisha que nem todos seres humanos eram iguais. Depois foram comer algo, mesmo sem fome. Era engraçado observar o jeito manipulativo de Victoria em pratica, elas nem pagaram por nada que consumiram por causa daquele jeitinho sedutor dela.
Depois elas foram pra uma praça maior próxima da lanchonete em que pararam, foi lá que Elisha aprendeu muito sobre Victoria, somente por observar seu jeito com as pessoas que a cercavam.
Vic odiava crianças e coisas coloridas, mais ainda de esperar o que quer que fosse. Era feminista sem odiar homens e tinha um gosto musical bom, embora suas bandas preferidas fossem aquelas velhas de rock como Guns n Roses, Nirvana e AC/DC, não se limitava só a essas, ela sabia reconhecer ótimas bandas modernas. Não era fã de doces, mas gostava do sabor de morango mesmo assim, tinha mania de fazer os desanimados rirem ou ficarem constrangidos, adorava ser elogiada e conseguir o que queria, as cores vermelho, preto e verde. Mas sua preferência era brincar e torturar a cabeça de quem ela achava que merecia. Em palavras dela mesma: “Simplesmente complicada assim”.
O sol estava se pondo e a hora chegou, a hora que Elisha não queria que chegasse.
Ela podia ir mais tarde...
A insegurança veio, será que aqueles beijos eram só uma brincadeira dela?
Vic se virou pra Elisha, já perto da porta aberta do carro.

-Então é isso, a gente se vê por net.

-Ok... – Aquilo foi meio sem emoção, Elisha não esperou mais nada. Mas Vic a abraçou forte, de uma forma que ela não soube retribuir.

-Qualquer coisa você tem meu numero, se cuida tá?

-Você também. – Ela não sabia o que dizer, mesmo querendo falar tanta coisa, nada saia. Talvez aquilo tudo não tivesse passado de brincadeira mesmo.

-Eu volto quando puder. – Vic se virou para o carro, Elisha desviou o olhar dela para o chão, porem não ouviu a porta bater, ao invés disso ouviu a voz de Vic num tom cheio de manha. – Ah é... Quase me esqueci.

O que aconteceu a seguir foi rápido, ela sentiu a mão de Vic erguer seu queixo e a outra puxar sua nuca, levando seus lábios diretamente ao encontro dos dela.
Tudo parou naquela hora, ela não tinha mais nada em mente, além daquela boca macia e delicada que se encaixava e roçava na dela. Nada mais importou, dane-se se fosse um erro ou brincadeira. Seu único arrependimento foi não saber acariciar o rosto e a cabeça daquela menina da mesma forma que ela fazia com a sua.
Aquele beijo foi demorado, como prometido. Por um bom tempo ela ficou aproveitando a sensação que os lábios e a língua daquela guria insana lhe proporcionavam.
Até que finalmente ela se afastou sorrindo e indo rápido pro carro.

-Ainda não é suficientemente lésbica? Até breve fofinha! – Ela riu, fechando a porta do carro e baixando os óculos escuros pra fitar Elisha uma ultima vez, soltando o que talvez acabasse com aquela duvida – E sim. Eu te amo também.

O carro negro sumiu no horizonte ligeiramente, Elisha ficou ali parada sem conseguir falar nada, observando até que ele sumisse do alcance de seus olhos.
As melhores partes das férias se foram junto com aquele carro. Iam acabar logo. Mas pro azar dela, as férias de seu pai seriam prolongadas e ele ia ficar mais um bom tempo lá com ela, mas pelo menos ele iria viajar umas três vezes por semana. O “velho” estava mesmo achando que Elisha e Vic estavam namorando, ela não ligava mais. Não devia satisfações pra ele, mesmo sendo seu pai.
Vic sem duvidas a fez ficar mais comunicativa e aproveitar o mínimo do rostinho bonito que tinha pelo menos.
Nas semanas seguintes as duas se falavam diariamente e Elisha começou a dar os primeiros passos. No necrotério ela descobriu, pelo dinheiro certo, que não haviam mesmo marcas de agressão no corpo de Yuna. Era como se ela tivesse apagado do nada dentro da banheira e se afogado. Segundo Vic a saúde dela era boa, e não haviam sinais de envenenamento. Quanto mais ela procurava, mais Vic parecia certa com o seu “sobrenatural”. Yuna tinha sido assassinada, a questão era como e por quem ou o que.
Ela sempre se lembrava daquela “família estranha”, Vic e Yuna tinham essas historias todas enquanto a família de Elisha era normal e chata.
Vic mudou de idéia e não deixou que Elisha fosse visitar os pais de Yuna sozinha repentinamente, e como ela não tinha quem a acompanhasse, desistiu da idéia por um tempo. Aileen seria perfeita, mas ela não tinha pretexto pra fazer tal convite. Se Yuriko estivesse viva ainda, quem sabe... Ela era menos chata.
O que irritava a morena era que Irene parecia saber demais, como sempre, mas nunca falava nada. Elisha não tinha a mencionado pra Vic,achava que ela tinha que lidar com a própria loucura. E Victoria tinha que se concentrar em Yuna, pra isso acabar logo.
Daí sim talvez elas chegassem no final feliz que tinham combinado.

As aulas voltaram, lá estava ela com aquele uniforme japonês negro, acordando cedo e sem nenhum animo. Dessa vez não era tão ruim.
Ela poderia descobrir certas coisas com seus colegas de classe. Talvez fosse ser divertido, principalmente agora que Elisha decidira jogar o joguinho daquela raça idiota.
Outra peça havia começado a se mover no tabuleiro.

2 comentários:

  1. O incomum em Sleepy Hill não são só as coisas macabras, se vc notar a cidade parece uma colônia japonesa no canadá.
    Mais pelo clima anime/mangá que eu quis dar pras coisas. É comum as roupas de colegio japones e os termos "san","chan" e etc no fim dos nomes.
    Eu ainda não tornei oficial, mas com certeza Sleepy Hill vai ter Japão na sua história.

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  2. Humm...
    Mas tem muita coisa americana e brasileira nessa mistura de etnia, não? \hum

    Enfim...
    Muito bom, gostei muito de algumas partes nesse capítulo. É, está bem interessante.

    Vou ter que sair pra lavar roupa [SHIT], volto depois/maistarde pra terminar de ler. õ/

    D.

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